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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2007 Miranda Lee

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Proposta impiedosa, n.º 1086 - julho 2017

Título original: The Ruthless Marriage Proposal

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-238-2

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Capítulo 17

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Aeroporto de Sidney. Oito da tarde de uma sexta-feira de Março

 

– Obrigado por voar connosco, senhor Armstrong – agradeceu a assistente de bordo, quando Sebastian saiu do avião pela porta da primeira classe.

Ele assentiu e continuou apressadamente, desejoso de chegar à paragem de táxis antes de chegar a avalanche. Ainda bem que só trouxera uma mala de mão e que não tinha de esperar por nenhuma mala.

Em contraste com a temperatura que havia no interior do edifício climatizado, o ambiente lá fora era um pouco quente e Sebastian alegrou-se por poder entrar logo num táxi. Pensou em telefonar a Emily para lhe dizer que apanhara um voo mais cedo, mas decidiu não o fazer. Não era preciso fazer-lhe o jantar e, por outro lado, não estava de humor para falar com ninguém. A única coisa que lhe apetecia era chegar a casa…

 

 

Emily pegou na carta de demissão que acabara de sair da impressora e releu-a, mas tremiam-lhe um pouco as mãos.

Demorara quase uma hora a redigir algumas frases. Mas já estava feita e a decisão estava tomada.

– E é a decisão correcta – murmurou Emily, enquanto apoiava a carta no calendário que tinha na sua mesa. – A única decisão.

Como podia continuar a ser governanta de Sebastian se se apaixonara por ele?

Quando regressasse a casa na manhã seguinte, dar-lhe-ia a carta e, na segunda-feira bem cedo, telefonaria para a agência de trabalho temporário e dir-lhes-ia que aceitava o emprego que lhe tinham oferecido naquela tarde.

Na verdade, Emily ficara surpreendida por poder garantir um emprego tão bom só com uma entrevista: seria subdirectora numa nova sala de congressos no prestigioso Darling Harbour. E por essa razão, quando a agência lhe telefonara nesse mesmo dia depois das cinco, ela pedira que lhe dessem o fim-de-semana para meditar na sua decisão.

Mas não precisara do fim-de-semana. Só precisara de algumas horas de reflexão, nas quais se deixou guiar pela lógica em vez de o fazer pelo seu coração iludido de mulher.

A ausência de Sebastian contribuíra para a decisão que tomara e o seu regresso não era algo que esperasse com alegria, sobretudo o momento no qual ele descobrisse que ela se ia embora.

Sabia que ele não ia ficar contente.

Emily estava convencida de que Sebastian gostava dela. Isso não era um segredo. Precisamente por isso é que era tudo mais difícil. Só de pensar na quantidade de noites nas quais a convidara para se sentar com ele para jantar ou para beber uma bebida, sentia um aperto no coração. Sim. Sabia que Sebastian gostava da sua companhia.

«Mas não tanto como tu da dele», disse uma vozinha no seu interior.

Sebastian gostava da eficiência com que geria a sua casa.

Sebastian gostava dos empregados que fizessem as coisas quando ele quisesse, como ele quisesse e quando ele quisesse. Quando a sua valiosa assistente pessoal lhe entregara a carta de demissão no ano anterior, Sebastian oferecera-lhe um sem-fim de incentivos para que a mulher ficasse: mais salário, melhores condições de trabalho e até uma categoria diferente.

Mas nada disso servira. A mulher fora-se embora de qualquer modo e Sebastian estivera com um humor de cão durante vários dias. Durante vários dias? Durante várias semanas!

Tinha a certeza de que também começaria por lhe oferecer mais dinheiro, mas isso não a convenceria a ficar. Melhores condições de trabalho também não seriam possíveis, pensava enquanto passeava o olhar pelo seu quarto maravilhosamente mobilado. A secretária onde estava a escrever nesse momento era de madeira de pau-rosa com pernas elegantemente esculpidas. E a sua cama de mogno com dossel era uma peça de antiquário que pertencera a uma princesa europeia. O resto do escritório era igualmente elegante, decorado com detalhes que qualquer mulher adoraria. O melhor era que o apartamento ficava situado por cima das garagens, o que significava que ficava separado do resto da casa.

Emily abanou a cabeça pesarosamente, pensando que sentiria a falta de viver ali.

Mas não o suficiente para ficar.

Quanto a dar-lhe uma categoria diferente… A verdade era que não havia muitas maneiras de descrever uma governanta. Deusa doméstica, talvez?, perguntou-se Emily, com dissimulação.

O tinido musical de um relógio que havia no quarto contíguo afastou-a dos seus pensamentos e Emily olhou para o seu relógio. Eram oito horas. Hora de ir para casa para verificar se todas as janelas e portas estavam bem fechadas, uma tarefa que levava a cabo todos os dias por volta dessa hora quando Sebastian estava fora. Não conseguia dormir se não tivesse a certeza de que estava tudo como devia estar.

Retirou um molho de chaves da mesa e saiu do seu apartamento. Ao fazê-lo, surpreendeu-a que estivesse uma noite tão quente e serena. Estava claro que o vento do sul previsto para aquele dia ainda não chegara.

Permaneceu ali por um instante, a observar a casa de Sebastian, sentindo tristeza ao pensar que talvez aquela fosse a última vez que admiraria aquela casa tão linda. Era uma mansão de estilo georgiano construída em arenito e situada em quase quatro mil metros quadrados de terreno da península de Hunter’s Hill, com vista para o rio Parramatta. Originalmente construída no século XVIII, a moradia estivera meio em ruínas quando Sebastian a comprara, já há vários anos. Ele restaurara-a cuidadosamente e equipara as divisões espaçosas com móveis antigos, para além de acrescentar um terraço e uma piscina.

No andar superior havia quatro quartos muito espaçosos e duas casas de banho, sendo um deles do domínio privado do quarto principal palaciano. No andar inferior todas as divisões tinham portas de vidro que davam para o terraço. À esquerda do hall, conforme se entrava, havia uma sala onde se recebia as visitas e que se abria para uma sala de jantar de iguais características, que, por sua vez, dava para o terraço ensolarado, que estava mobilado de um modo muito mais informal.

À direita do hall de entrada, a primeira porta dava para uma sala de bilhar, a seguinte dava para o escritório de Sebastian e as últimas davam para a cozinha e para outro escritório.

Na parte de trás, havia um pátio ensolarado de pedra, o cenário perfeito para a nova piscina. À esquerda do pátio uma fila de pinheiros proporcionava intimidade e protegia a casa do vento. À direita, um pouco afastadas da casa, estavam as garagens, na lateral do edifício. Sobre as garagens encontrava-se o apartamento de Emily, ao qual se acedia por umas escadas que havia na lateral do edifício, que acabavam num pequeno patamar, precisamente onde estava naquele momento.

Para além da piscina, a extensão de relva bem cuidada descia suavemente até à margem do rio, onde havia um barco e um pequeno molhe.

Naquele lance o rio alargava-se, formando uma grande extensão de água. Ao longe, mesmo em frente da propriedade de Sebastian, o arco da ponte de Gladesville proporcionava um enquadramento perfeito para o que já era uma paisagem magnífica. Àquela hora da noite, as luzes da ponte e da cidade criavam um ambiente mágico e muito romântico.

Emily apaixonara-se por aquele lugar no primeiro dia. Apaixonar-se por Sebastian demorara mais tempo, pensava enquanto descia as escadas devagar. Na verdade, só percebera o que sentia quando ele anunciara, há mais ou menos um mês, que a sua namorada super modelo e ele se tinham separado, já que Lana decidira casar-se com um conde italiano que conhecera na semana da moda italiana.

Emily sentira uma alegria enorme quando descobrira a notícia. O facto de ter dissimulado a sua beleza ao princípio para poder conseguir o trabalho como governanta em casa de Sebastian Armstrong também fora importante. Nesse momento, teria aceitado qualquer trabalho e tinham-na advertido de que o solteiro australiano não contrataria uma loira atraente de trinta e três anos de figura bonita.

Aparentemente, o magnata da indústria dos telemóveis estava há várias semanas a tentar encontrar uma governanta adequada e expressara o seu descontentamento face ao número elevado de candidatas que até àquele momento apareciam na entrevista demasiado sexys e elegantes para a ocasião.

Para além de mentir, dizendo que tinha mais alguns anos, Emily deixara de ser loira, pusera uns óculos e vestira roupa mais larga e menos favorecedora. E tudo isso lhe servira para garantir o emprego.

Conseguira livrar-se dos óculos em poucas semanas, quando fingira seguir o conselho de Sebastian de se submeter a um tratamento com laser. Não voltara a pintar o cabelo de loiro e deixara a sua cor castanha natural.

Até àquela última semana.

Emily nunca teria ido à procura de um trabalho no mundo empresarial vestida com pouca elegância. De modo que fora ao cabeleireiro e comprara um fato sexy e elegante e uma camisa creme que dava ênfase ao seu peito.

Sebastian mal a teria reconhecido. Talvez se ela…

– Não, não – murmurou Emily em voz alta, enquanto avançada pelo caminho sob os arcos que rodeavam a piscina e conduziam à casa. – Ele nunca olharia para mim desse modo, fizesse o que fizesse, portanto será melhor esquecê-lo.

Emily parou de pensar em Sebastian e nas possibilidades mínimas que tinha de o conquistar, até chegar ao seu quarto. Era difícil não pensar no homem quando estava no cenário íntimo da vida do seu amado, já para não falar do cheiro a perfume da mulher responsável pela ausência do seu chefe.

Desde que Emily fora empregada de Sebastian, só houvera uma mulher na sua vida: Lana Campbell. Com cerca de trinta anos, Lana estava no topo da sua carreira de modelo e era muito solicitada em todas as passarelas do mundo, sobretudo nas de Itália. Lana era uma ruiva natural e tinha um corpo de deusa cheio de curvas. Os italianos não gostavam de modelos esqueléticas. Ainda que não possuísse uma beleza tradicional, Lana tinha um rosto exótico, uns olhos verdes surpreendentes e uma boca sensual. Também era tremendamente inteligente e possuía uma mente rápida, podendo ser muito sarcástica se não gostasse de alguém.

E, por alguma razão, nunca gostara dela, ainda que Lana fosse suficientemente inteligente para disfarçar à frente de Sebastian. Também tinha mau feitio. Durante as semanas que tinham precedido à ruptura, Emily ouvira Lana a queixar-se em voz alta sobre diferentes aspectos da sua relação.

Uma vez, Lana dissera a Sebastian que ele não a amava, porque se o fizesse ter-se-ia casado com ela ou, pelo menos, ter-lhe-ia pedido para ir viver com ele. Mas também não fizera isso.

Ele nem sequer respondera à provocação, porque Sebastian não era um homem que levantasse o tom de voz. Tinha outras maneiras de demonstrar o seu descontentamento. Cada vez que Lana fazia um escândalo, Sebastian olhava para ela com frieza e deixava-a plantada, depois disso, indevidamente, ela costumava ir-se embora, furiosa.

Mas Emily tinha a certeza de que Sebastian amava Lana, um facto que ficara confirmado quando ele apanhara um voo para Itália há cinco dias num clara tentativa de a reconquistar. No entanto, parecia que no final não tivera sucesso.

O casamento de Lana com um conde italiano celebrara-se há alguns dias e toda a imprensa falara amplamente sobre aquela notícia.

No dia seguinte, Sebastian escrevera uma mensagem breve e concisa para Emily:

 

Aterro no Mascot no sábado às sete da manhã. Chegarei a casa às oito.

 

Habitualmente, Sebastian costumava enviar-lhe e-mails um pouco mais agradáveis. Emily sabia que Sebastian ia estar de mau humor quando voltasse e isso não era uma perspectiva muito agradável.

Era lógico que não tivesse gostado de perder a mulher que amava porque ela arranjara outro. Embora só Deus soubesse o que Lana podia ter visto naquele conde italiano, que comparado com Sebastian era bastante feio. O conde era baixo e tinha excesso de peso, tinha a cara gordinha e os olhos pequenos e redondos.

É claro, tinha um título. E oferecera uma aliança matrimonial a Lana.

Sebastian não podia esperar que uma rapariga como aquela se conformasse com menos. Lana certamente também quereria ter filhos e Sebastian não queria.

Emily sabia que ao seu chefe, que tinha quarenta anos, gostava da sua vida tal como era. Desfrutava de poder dispor do seu espaço e, às vezes, também gostava de estar sozinho. Os homens australianos eram assim.

Os italianos eram muito gregários, reconhecidos pelo seu sentido de família e o seu amor pelas crianças. E, pensando na família e nas crianças, Emily reafirmou-se na sua decisão.

Sem dúvida, chegara o momento de se ir embora, o momento de perseguir o sonho que tanto desejara para si, que era casar-se e ter filhos antes de ser demasiado velha.

Há dezoito meses, Emily nunca pensara no casamento nem em ser mãe. Nem em homens. Nessa época, ainda estivera a chorar a morte da sua mãe, que falecera de cancro e ficara destruída ao descobrir a traição do seu pai.

Mas o tempo fizera-a mudar de opinião a respeito das coisas. As feridas podiam curar-se e as prioridades mudavam. Emily entendia porque Lana deixara Sebastian para se casar com o conde italiano. A paixão e o sexo nem sempre eram o mais importante para uma mulher, ainda que Emily tivesse a certeza de que devia ter-lhe custado muito abandonar a cama de Sebastian.

– Ainda bem que nunca estive na sua cama – disse para si, um pouco irritada enquanto olhava para a cama. – Já me custa muito ir-me embora sem nunca ter estado na cama dele!

Mas ia deixá-lo, prometia-se Emily, enquanto saía do quarto. Já chegava de ser uma mártir!

Sim, estava apaixonada por aquele homem. E então? Não era a primeira vez que estava apaixonada. Estivera apaixonada por Mark, que a deixara plantada quando ela voltara para casa para cuidar da sua mãe.

Sem dúvida, podia voltar a apaixonar-se no futuro, ia a pensar enquanto descia as escadas.

Em primeiro lugar, no entanto, devia sair dali e aceder a um mundo muito diferente do ambiente enclausurado em que vivia na sua situação presente. Uma sala de congressos pô-la-ia em contacto com imensos executivos diariamente. Se voltasse a pintar o cabelo de loiro e investisse em roupa mais elegante que acentuasse mais a sua bonita figura, tinha a certeza de que atrairia os homens sem nenhum problema. Só teria de procurar e encontrar um homem com um bom trabalho que fosse capaz de amar e de se comprometer a sério.

E se não fosse tão impressionante como Sebastian… também não fazia mal. Na verdade, não havia muitos homens como ele.

Sebastian era um entre um milhão. Bonito, com uma mente brilhante, um corpo óptimo e mais paixões do que qualquer outro homem que Emily tivesse conhecido. Para além dos seus múltiplos lucros empresariais, Sebastian era um desportista destro, um perito em antiguidades, em vinho e em qualquer assunto que captasse o seu interesse. A sua biblioteca era extensa, com livros de assuntos variados, para além de uma grande variedade de biografias. Uma vez, comentara que se inspirava quando lia sobre as vidas de outras pessoas de sucesso: pessoas que forjaram o seu próprio destino e que tinham tido sorte na vida.

– Isso é precisamente o que vou fazer, Sebastian – anunciou Emily, enquanto fechava a porta da casa de banho. – Vou criar o meu próprio caminho e procurar a sorte.

Apesar dos seus sermões razoáveis, quando Emily chegou ao seu apartamento estava muito nervosa. Deitar-se na cama não era uma opção válida. Era demasiado cedo para isso. Nem queria ver televisão. Ultimamente, a televisão aborrecia-a e estava verdadeiramente farta dos reality shows. E também não lhe apetecia ler naquele momento. Mas talvez tomar um banho…

Já tomara um banho naquela tarde, porque aquele era o Verão mais longo e quente da história de Sidney. Apesar de terem entrado no Outono há três semanas, naquele dia tinham estado trinta e um graus. A água da piscina ainda estaria quente e, sem dúvida, seria muito agradável tomar um banho.

Emily foi directamente para a casa de banho, onde tirou toda a sua roupa aborrecida de governanta e vestiu o seu fato-de-banho preto, que estava pendurado sobre a banheira. A roupa ainda estava húmida e Emily fez uma careta só de pensar em vestir um fato-de-banho molhado.

De repente, teve a ideia tentadora de entrar na água nua. Embora Emily fosse um pouco rebelde na sua adolescência e uma amante das festas quando crescera, nunca entrara nua numa piscina.

Ao mesmo tempo que desprezava a ideia, perguntou-se o que teria acontecido a essa rapariga. Então, começou a vestir o fato de banho molhado.

– Vou transformar-me numa solteirona amargurada – murmurou Emily.

Isso foi a gota de água!

Atirou o fato de banho húmido novamente para a banheira e pegou no robe branco que estava atrás da porta da casa de banho. Com rebeldia, pôs os braços nas mangas largas do robe e fechou-o para tapar o seu corpo nu.

Mas quando chegou junto da piscina não se sentiu tão valente, sobretudo porque tinha de tirar o robe. Ficou ali muito tempo, repetindo-se que era impossível que algum vizinho curioso pudesse ver a piscina e que também não havia ninguém em casa que pudesse vê-la.

Sebastian não gostava que os seus empregados vivessem na casa dele. Só Emily. Às segundas e sextas-feiras ia lá uma mulher para limpar a fundo. E cada vez que Sebastian tinha convidados em casa, Emily contratava algumas pessoas que a ajudavam. Uma agência local ocupava-se de manter a propriedade e o jardim bem cuidados e um homem ia lá todas as semanas para manter a água limpa.

Emily não tinha nenhuma razão para se sentir nervosa por tomar banho sem roupa. Ninguém ia aparecer inesperadamente e muito menos o seu chefe.

Sebastian era um homem muito previsível, viciado na rotina e na pontualidade. Se dissera que chegaria na manhã seguinte, seria assim.

No entanto, quando Emily tirou finalmente o robe, não conseguiu deixar de olhar para as janelas escuras da casa, com medo de que, de repente, se acendesse uma luz e Sebastian aparecesse na sua janela, a olhar para ela. Perturbada por esse pensamento, Emily aproximou-se da borda da piscina, esticou os braços e atirou-se para a água. Enquanto afastava o cabelo com as mãos, olhou novamente para a janela do quarto de Sebastian, com nervosismo. Relaxou ao ver tudo às escuras.

A piscina não estava às escuras, no fundo havia umas luzes indirectas que brilhavam através da água cristalina. Emily sentiu-se vulnerável e exposta enquanto desfrutava da experiência incrível de tomar banho nua. A água era como seda quente a acariciar a sua pele, despertando os sentidos femininos do seu corpo.

Nadar excitou os seus sentidos ainda mais, ainda que ela não precisasse disso naquele momento. Aquelas sensações agradáveis faziam-na pensar em Sebastian e no desejo sexual que ele começara a inspirar-lhe.

Ultimamente, percebera que não parava de sonhar acordada com ele, de se perguntar como seria ser a sua namorada ou o que sentiria se ele olhasse para ela como o vira a olhar para Lana: com o desejo a arder nos seus olhos azuis brilhantes.

Emily mudou bruscamente de posição e começou a nadar com mais vigor até chegar à borda do outro extremo da piscina. Enquanto se agarrava à borda da piscina e inalava com força, repreendeu-se pela inutilidade do seu amor pelo seu chefe.

Quanto mais depressa se afastasse daquele homem, melhor!

Emily afastou-se da borda para flutuar de costas por um instante, enquanto mexia os braços devagar para não se afundar. Flutuar assim não era tão erótico, se não olhasse para os seios generosos e duros com os mamilos excitados. Era impossível culpar o frio, porque estava bastante calor, de modo que teve de o atribuir ao facto de estar excitada por pensar em Sebastian.

Emily levantou o olhar para o céu nocturno, um céu preto e enfeitado de estrelas. A lua estava em quarto crescente, mas brilhava imenso. Emily pensou que era uma noite para amantes ou para bruxas.

As luzes de segurança que havia junto da casa acenderam-se e Emily deu um salto ao mesmo tempo que emitia um gemido entrecortado. Virou-se tão rapidamente, que o cabelo molhado se colou à sua cara, de modo que não conseguia ver a pessoa que estava de pé junto da borda da piscina. Mas reconheceu a sua voz imediatamente.

– Mas o que raios pensa que está a fazer, menina, a tomar banho na minha piscina sem roupa?

Capítulo 2

 

Sebastian! Oh, meu Deus, era Sebastian! Que reviravolta cruel do destino podia tê-lo trazido para casa antes do previsto, precisamente na única noite em que ela decidira tomar banho nua?

Emily não sabia o que fazer, se devia tapar os seios com as mãos ou afastar o cabelo da cara para que ele pudesse reconhecer a pessoa que estava na sua piscina.

– Estou à espera que me responda, menina – avisou Sebastian.

Incomodada com a sua maneira de falar, Emily pôs a cabeça na água e deitou-a para trás para afastar o cabelo da cara.

Felizmente, estava suficientemente longe para não salpicar Sebastian, que continuava de pé junto da piscina, com as pernas afastadas e as mãos na cintura.

Parecia que ainda não a reconhecera, mesmo que já não tivesse o cabelo na cara.