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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2004 Miranda Lee

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Amor no trabalho, n.º 882 - Abril 2016

Título original: Bedded by the Boss

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2005

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-8325-3

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

– O que queres como prenda de Natal, Jessie? Vou às compras amanhã. Só faltam duas semanas e odeio deixar as coisas para a última da hora!

Jessie parou de pôr rímel durante um momento para sorrir para a sua velha amiga, também senhoria.

– Conheces alguma loja que venda homens? – perguntou, com um brilho travesso nos seus olhos escuros.

Dora abriu muito os seus.

– Homens? Mas há dez minutos atrás disseste-me que todos os homens são uns patifes e que preferes viver sem eles!

Jessie encolheu os ombros.

– Isso foi há dez minutos. Arranjar-me esta noite recordou-me do tempo em que era jovem e alegre... e não sabia nada sobre o sexo oposto. Daria tudo para voltar a ser aquela rapariga outra vez, só por uma noite. Tu sabes, sair com um rapaz muito bonito...

– Se essa fantasia se tornasse realidade, para onde te levaria esse rapaz bonito? – perguntou Dora, céptica.

– Não sei, para um lugar bonito para jantar e depois para uma discoteca.

«E depois levar-me-ia para o seu apartamento e...»

Aquele último pensamento surpreendeu-a. Desde que tinha tido Emily, não sentira falta dos homens, nem lhe apetecera estar com alguém.

Agora, de repente, a ideia de voltar a sair com alguém parecia-lhe muito agradável. Mais do que agradável, se fosse sincera. Parecia quase uma necessidade.

As suas hormonas, aparentemente, pareciam renascer.

Jessie suspirou fundo, frustrada, irritada. Os homens não eram necessários para nada e só serviam para lhe complicar a vida. Era sempre assim! Todos eles eram criaturas inúteis. Excepto para uma coisa!

Agora que as suas hormonas pareciam renascer das cinzas, devia admitir que não havia nada comparável a ter um bom amante.

O pai de Emily tinha sido bom na cama. Infelizmente, também fora um louco, cujo espírito aventureiro e irresponsável o levara à morte enquanto fazia snowboard na montanha. Antes de Jessie saber que estava grávida dele…

Jessie descobrira, aos vinte e oito anos, que os membros do sexo oposto que eram bons na cama, os sedutores irresistíveis como Lyall, raramente queriam algum tipo de compromisso. E suspeitava que se o próprio Lyall não tivesse morrido, ele não teria ficado com ela e com a sua filha.

Não, estava muito melhor sem um homem. De momento, pelo menos. Emily só tinha quatro anos e era muito impressionável. A última coisa que precisava era que a sua mamã começasse a sair com homens interessados apenas numa coisa. Não havia futuro nisso e não havia felicidade.

Os homens podiam manter relações sexuais sem sofrer e sem se comprometerem. As mulheres... enfim, não era assim tão fácil…

Demorara muito tempo a curar a ferida que Lyall lhe causara. Uma ferida aberta pela sua morte e pela descoberta posterior de que ela não fora a única mulher na sua vida.

– O que eu quero mesmo para o Natal – começou Jessie, enquanto guardava os cosméticos na sua mala, – é um emprego decente numa agência de publicidade.

Trabalhara como desenhista gráfica antes de ficar grávida, convencida de que, um dia, a promoveriam para o posto de directora criativa. Não queria passar o resto da sua vida a trabalhar nas ideias dos outros ou a deixar que os outros ficassem com os louros quando era ela quem melhorava os anúncios. Jessie sabia que tinha talento e sonhava com a sua própria equipa criativa. Sim, um dia seria ela a fazer as apresentações dos projectos para os clientes, a ouvir os elogios e a receber dinheiro de algum cliente prestigiado.

Antes de a sua filha nascer, trabalhava na Jackson&Phelps, uma das melhores agências de publicidade de Sidney. No entanto, ter Emily fizera-a redefinir as suas prioridades na vida. Pensara em voltar para a Jackson&Phelps quando acabasse a sua baixa de maternidade, mas quando o momento chegara, decidira que não lhe apetecia pôr a sua filha numa creche. Queria ficar em casa e tomar conta dela.

Pensava que poderia trabalhar como freelancer porque tinha um computador último modelo e todo o software necessário, mas a recessão económica fizera com que as agências cortassem no pessoal, fazendo com que muitos artistas gráficos ficassem sem trabalho.

Jessie vira-se obrigada a pedir o subsídio de desemprego e a deixar o elegante apartamento onde vivera até então. Felizmente, encontrara lugar em casa de Dora, uma senhora adorável com uma casinha linda em Roseville, um bairro a norte de Sidney, perto da estação.

Dora aumentara a casa quando a sua mãe, já falecida, fora viver com ela. Era um anexo com apenas um quarto, mas tinha a entrada à parte, casa de banho e uma sala com kitchnette dava para um jardim pequeno. Era mesmo o que uma menina de um ano que começava a aprender a caminhar precisava.

A renda que Dora lhe cobrava era muito razoável e, em troca, Jessie ajudava-a na casa e no jardim. No entanto, andava curta de recursos e chegava ao fim do mês com muita dificuldade. Os presentes nos aniversários ou no Natal eram coisinhas pequenas. Felizmente, o último não fora um problema porque Emily, que tinha três anos, não sabia que os seus presentes eram de uma loja de coisas baratas.

Infelizmente, Emily precisava de cada vez mais coisas. Embora tivesse sido muito gratificante cuidar da sua filha em casa, tinha de fazer alguma coisa e, em Janeiro, inscrevera Emily numa creche e começara a procurar emprego. Infelizmente, sem muito sucesso.

Apesar de ter deixado o seu currículo em várias agências de emprego e de ter ido a um número incontável de entrevistas, ninguém queria contratar uma desenhista gráfica que era mãe solteira e que estava fora do circuito há três anos.

Durante algum tempo, fizera um trabalho horrível, embora lucrativo, para um detective privado, Jack Keegan. O anúncio do jornal dizia que procuravam uma recepcionista. Não era necessária experiência, só uma boa imagem e uma voz bonita. No entanto, quando chegara ao escritório, o lugar de recepcionista já estava ocupado e, por isso, tinham-lhe oferecido o lugar de «investigadora».

Basicamente, enviavam-na como engodo para apanhar homens que eram infiéis às suas esposas. Diziam-lhe um lugar e hora, quase sempre num bar ou num hotel, e davam-lhe uma fotografia. O seu trabalho exigia que se vestisse de forma chamativa, que entrasse em contacto com o alvo e que seduzisse o tipo apenas o suficiente para conseguir provas. Quando tivesse reunido provas suficientes, usando um telemóvel de última geração com câmara de vídeo, Jessie desaparecia com a desculpa de ir à casa de banho.

Só tinha aguentado meia dúzia de trabalhos antes de se demitir. Talvez se, uma vez, uma única vez, um daqueles homens tivesse resistido aos seus encantos... mas não. Todos caíam na armadilha. Os patifes, e eram-no todos, não perdiam tempo a fazer-lhe propostas. E cada vez que se desculpava para ir à casa de banho sentia-se suja.

Depois daquela experiência, aceitara um trabalho de empregada num restaurante próximo. Mas, por Emily, negava-se a trabalhar de noite ou aos fins-de-semana, embora as gorjetas fossem melhores nessas alturas. E cada vez tinha mais despesas. Mesmo com o subsídio do Estado por ser mãe solteira, ter a sua filha numa creche cinco dias por semana custava um dinheirão.

A única coisa boa era que a menina estava encantada com a creche. Tanto, que Jessie às vezes tinha ciúmes das professoras. Tinha crescido tanto no último ano... Demasiado…

Agora já tinha quatro anos.

Há alguns dias atrás, ela perguntara-lhe pelo seu pai. Jessie vira-se obrigada a contar-lhe a verdade, que Lyall tinha morrido num acidente trágico antes de ela nascer. E não, não estavam casados.

– Então, o papá e tu não estão divorciados – murmurou Emily. – E não vai voltar, como o papá do Joel.

Joel era o seu melhor amigo na creche.

– Não, Emily – Jessie suspirara, com o que lhe pareceu um apropriado tom de tristeza. – O teu pai não vai voltar. Está no céu.

– Ah!

A menina afastou-se, com o sobrolho enrugado.

Mais tarde, Jessie encontrou-a num canto do jardim, a manter uma conversa séria com a sua boneca, que Dora lhe oferecera em Agosto, quando fizera quatro anos. Emily calara-se ao vê-la, mas em seguida, perguntara-lhe se podiam ir ver o Pai Natal das lojas porque tinha de lhe dizer o que queria antes que fosse demasiado tarde.

Evidentemente, com quatro anos uma menina era demasiado pequena para entender a tragédia da morte de um pai. Mas o aviso de que o Natal se aproximava foi o que a decidiu a fazer mais um trabalho para Jack Keegan. O detective dissera-lhe que lhe telefonasse se alguma vez precisasse de dinheiro... E foi o que Jessie fez, porque as bonecas Felicity, o presente que Emily queria para o Natal, eram as mais caras do mercado. Iria precisar dos quatrocentos dólares que ia ganhar naquela noite para comprar a boneca juntamente com os seus acessórios: um palácio, um cavalo mágico e um armário cheio de roupa.

E por falar em roupa...

Jessie esticou o vestido que vestira para a missão daquela noite. Era preto, de seda, com decote, o mais sexy que havia no seu armário, mas tinha seis anos e receava que começasse a notar-se.

– De certeza que estou bem? – perguntou a Dora. – Está um pouco velho.

– Não, estás muito bem – garantiu-lhe a sua amiga. – E não está fora de moda. Estás linda, Jessie, pareces uma modelo!

– Eu, uma modelo? Sei que tenho bom ar, mas o resto é bastante normal. Sem maquilhagem, nenhum homem olharia para mim duas vezes. E, se não o apanhar, o meu cabelo é um desastre.

– Subestimas a tua beleza, Jessie – Dora sorriu. E era verdade.

Tinha um corpo espectacular, o tipo de corpo que só as modelos de roupa interior têm. Seios altos, cintura estreita, ancas magras e pernas intermináveis. E pareciam ainda mais compridas com as sandálias pretas de salto alto.

No entanto, não era bonita no sentido clássico. Tinha a boca demasiado grande, o queixo quadrado e o nariz ligeiramente longo. Mas também tinha uns olhos rasgados que pareciam cheios de promessas sensuais, uns olhos que atraíam os homens como um íman.

Quanto ao seu cabelo... Quando era jovem, Dora teria matado por ter o cabelo de Jessie. Preto e encaracolado, quando o deixava solto caía sobre os seus ombros como uma cascata exótica. Quando o apanhava, os caracóis que escapavam de ambos os lados da sua cara davam-lhe um ar mais sexy ainda, se isso era possível.

Dora não se surpreendeu que um detective privado lhe tivesse oferecido trabalho como engodo. Era a arma perfeita para atrair os maridos infiéis. E os que eram fiéis também, certamente.

– É este o homem? – perguntou, agarrando numa fotografia que havia sobre a mesa.

– Sim.

– É bonito.

Jessie também o achava bonito. Muito mais bonito do que os outros idiotas que tivera de seduzir, e mais jovem. Trinta e tal anos, provavelmente. Mas não tinha nenhuma dúvida sobre o tipo de homem que era.

– Bonito, sim, claro. Casado e com dois filhos pequenos, mas passa as sextas-feiras a beber até às tantas num bar.

– Muitos homens bebem às sextas-feiras à noite.

– Duvido que vá só para beber. O bar que frequenta é um lugar onde vão muitas mulheres.

– Há mulheres em todos os bares, não há?

– Sim, Dora, mas refiro-me só a um «certo» tipo de mulher – Jessie sorriu. – A esposa dele está convencida de que ele a engana e quer saber se é verdade.

– E o facto de ela estar convencida é uma prova de adultério? – replicou Dora. – Pode ser que logo se arrependa.

– Porque dizes isso?

– Nunca me pareceu justo que enviassem uma rapariga como tu para brincar com esses homens. Talvez este nunca tenha sido infiel à sua mulher... Se calhar trabalha muitas horas e só sai para tomar uma bebida para descontrair. E então, apareces tu, provoca-lo... e o pobre homem não consegue resistir…

Jessie deu uma gargalhada. Dora falava dela como se fosse uma sereia, mas Jessie sabia que não era irresistível. Era só perguntar a todos os homens que não a tinham contratado no último ano.

Não, a pobre Dora não sabia do que estava a falar.

Mas, claro, Dora tinha sessenta e seis anos. Na sua época, certamente os homens eram mais honrados.

– Acredita em mim, Dora, quando acodem a Jack Keegan e dão o dinheiro que ele lhes pede, já não há nenhuma dúvida de que os seus maridos estão a enganá-las. Só querem uma prova para usar no divórcio. Curtis Marshall, por exemplo – comentou Jessie, apontando para o homem de olhos azuis da fotografia, – não é um pobre trabalhador incompreendido. Está a enganar a sua mulher e está prestes a ser apanhado com as mãos na massa... que sou eu… E agora, tenho de me ir embora – acrescentou, guardando a fotografia num dos bolsos interiores da sua mala. – Vou dar um beijo a Emily.

Entrou no quarto em bicos de pés. A sua filha afastara o edredão porque estava uma noite muito quente, mas Jessie tapou-a com o lençol. Tinha passado do berço à cama há pouco tempo e parecia uma bonequinha, tão pequena...

Jessie sentiu o seu coração apertado enquanto olhava para a sua filha. Isso foi o que mais a surpreendeu quando tivera Emily. O imediato e incondicional amor que sentira assim que pegara na menina ao colo. Teria a sua mãe sentido o mesmo quando a tivera a ela?

Provavelmente, não. Suspeitava que o amor da sua mãe estivera sempre marcado pela vergonha.

Jessie abanou a cabeça para desprezar aqueles pensamentos enquanto acariciava os caracóis escuros de Emily.

– Dorme, minha querida. A mamã volta já – murmurou. – Obrigada por tomares conta dela, Dora – disse depois, quando voltou para a sala.

– De nada – respondeu a sua amiga e senhoria.

– Já sabes onde estão os biscoitos.

– Esta noite vai dar um bom filme às nove... daqui a dez minutos – Dora sorriu, olhando para o relógio. – Será melhor ires embora e, por favor, apanha um táxi quando vieres para casa. É muito perigoso viajar de comboio àquelas horas, especialmente numa sexta-feira à noite.

– Espero não acabar muito tarde – Jessie suspirou. Queria aproveitar ao máximo o dinheiro que ia ganhar. Porque haveria de gastar trinta dólares num táxi?

– Jessie Denton – repreendeu-a Dora. – Promete-me que apanhas um táxi!

– Está bem, mas só se me parecer necessário.

– És muito teimosa, minha menina!

– Eu sei, mas tu gostas de mim de qualquer forma – Jessie sorriu.

E depois de lhe dar um beijo, pôs a mala ao ombro e saiu pela porta.