sab1204.jpg

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2009 Carole Mortimer

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Uma nova oportunidade para amar, n.º 1204 - janeiro 2018

Título original: Bedded for the Spaniard’s Pleasure

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-989-3

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

– Em que posso ajudá-lo? – a pergunta de Cairo acabou numa exclamação ao reconhecer o homem que tinha saído do carro a pouca distância.

Não!

Não podia ser!

Aquele homem não podia estar ali!

Cairo estava a apanhar sol e a descansar ao lado da piscina, e, de repente, sobressaltara-se ao ver um carro metalizado a aproximar-se lentamente da entrada da mansão do sul de França. Quando se tinha dado conta de que o carro tinha parado lá fora, endireitara-se rapidamente e vestira uma t-shirt comprida por cima do seu biquíni. Tentara controlar a irritação que lhe tinha causado aquela intromissão e caminhara depressa para a rua, para dizer ao condutor que, evidentemente, se enganara no caminho.

Mas nada a teria preparado para ver o homem que agora estava de pé ao lado do carro, com os óculos de sol no cabelo escuro e sedoso, a olhar para ela com os olhos semicerrados.

Se ela se tinha surpreendido ao vê-lo, ele também não parecia contente por a ver. Ele franziu a boca e levantou uma mão para descer os óculos sobre aqueles olhos azuis.

– Cairo… – cumprimentou-a, com um assentimento da cabeça.

Cairo não conseguia falar. Não conseguia mexer-se. Aquela situação parecia-lhe totalmente irreal!

– O gato comeu-te a língua, Cairo? – perguntou ele, arqueando os sobrolhos, com aquele tom sedutor tão familiar. – Ou já passou tanto tempo que não te lembras de mim?

«É claro que se lembrava dele!», pensou ela.

Devia fazer oito anos que não o via, mas que mulher conseguiria esquecer o seu primeiro amante?

Não, Cairo nunca tinha esquecido completamente Rafael Antonio Miguel Montero. Impossível! Porque era um actor americano de origem espanhola, conhecido em todo o mundo há quinze anos, e, mais recentemente, como realizador do filme vencedor de um Óscar Obra de arte. Como poderia esquecê-lo?

Ele olhou friamente para ela.

– Realmente, não tens nada para me dizer, Cairo?

– Disse tudo o que tinha para te dizer da última vez que nos vimos! – exclamou ela, tentando habituar-se à ideia de que Rafe estava ali, naquela mansão distante, situada nas colinas da pitoresca vila de Grasse.

Rafe fez uma expressão de dor.

– Foi há tanto tempo que não me lembro! – exclamou ele, antes de abrir a mala do carro, começar a tirar malas e a deixá-las no chão.

A única coisa que Cairo conseguiu fazer foi ficar a olhar para o homem que tinha tido no seu coração e na sua cama aos vinte anos.

Rafe, com trinta e poucos anos, estava ainda mais atraente do que oito anos antes. Era alto, um metro e oitenta e pouco. Tinha o cabelo escuro penteado para atrás, a pele morena herdada do seu pai espanhol, o que acentuava os seus olhos azuis. E o seu nariz aquilino e lábios curvados estavam esculpidos num queixo quadrado com uma covinha no meio. O pólo preto e as calças de ganga gastas que usava destacavam uns ombros largos, umas coxas fortes e umas pernas compridas. Tudo em conjunto era muito sexy.

Abanou a cabeça. Não compreendia o que fazia ali, a tirar a bagagem do carro.

– O que estás a fazer?

– Estou a instalar-me aqui, é claro! Ajuda-me com uma mala, está bem, Cairo? – Rafe pendurou ao ombro a mala que continha o computador portátil, agarrou em duas malas pequenas e deixou apenas uma mala pequena no chão.

– Ajudo-te…? Rafe, não podes… O que queres dizer com instalares-te aqui? – perguntou ela, incrédula.

– Exactamente o que disse – respondeu ele e caminhou para ela.

Instintivamente, Cairo recuou.

– Eu… Mas… Não podes!

– Porque não posso? – perguntou Rafe.

– Porque… Porque…

– Deixa de balbuciar, Cairo, e traz a mala – acrescentou ele, indo para a mansão.

Cairo não tinha um minuto de tranquilidade há anos e a presença de Rafe Montero tinha perturbado o seu pequeno reduto de paz.

Ela despachou-se para o alcançar.

– Rafe, o que estás a fazer aqui?

– Poderia fazer-te a mesma pergunta – disse ele, sem sequer olhar para ela. – Onde estão Margo e Jeff?

– Não estão aqui – respondeu ela.

Embora começasse a desejar que estivessem. Possivelmente, eles poderiam dar-lhe uma explicação sobre a presença de Rafe ali, na mansão onde eles costumavam passar o Verão!

– Não? – Rafe arqueou os sobrolhos. – Foram passar o dia fora ou foram apenas às compras?

– Nenhuma das duas coisas – Cairo abanou a cabeça. – Rafe, podes parar de fazer perguntas e dizer-me de uma vez por todas o que estás a fazer aqui? – perguntou ela, agitadamente.

Rafe deixou a bagagem ao lado da porta de entrada da mansão e colocou os óculos na cabeça para olhar directamente para Cairo, enquanto tentava aceitar o facto de que ela estava ali.

Tinham passado oito anos desde que ele tinha visto aquela mulher pela última vez.

Oito longos anos.

Era um choque encontrá-la outra vez, assim de repente, depois de tanto tempo…

Um choque?

Bolas! Tinha-lhe produzido um sobressalto emocional!

Se alguma coisa tinha mudado em Cairo Vaughn era que estava ainda mais bela do que antes. Talvez demasiado magra, pensou ele, com o sobrolho franzido. Aquele corpo de quase um metro e oitenta de curvas estava demasiado lânguido agora. Mas o seu cabelo ruivo continuava a ser impressionante e continuava a ter umas pernas compridas e torneadas debaixo daquela t-shirt preta. A sua cara também estava mais magra, o que destacava a curva delicada das suas maçãs do rosto, os seus olhos castanhos e o seu nariz pequeno e direito. Mas os seus lábios eram tão sensuais como sempre.

As suas faces estavam saudavelmente vermelhas como resultado do aborrecimento naquele momento e aqueles olhos castanhos estavam prestes a rebentar em chamas. Davam-lhe um aspecto mais de acordo com a famosa actriz que era do que com a mulher pálida que tinha saído em todas as revistas durante meses por causa do divórcio tão público.

Não lhe dizia respeito, disse para si Rafe. Cairo não lhe dizia respeito.

– Então, onde estão Margo e Jeff? – perguntou ele outra vez.

Tinha algumas coisas para dizer ao casal por não o terem advertido de que Cairo estaria ali.

Ela abanou a cabeça.

– Já te disse que não estão.

– E não vão voltar?

Cairo abanou a cabeça.

– O médico de Margo ordenou-lhe repouso absoluto durante as suas últimas quatro semanas de gravidez.

Margo e Jeff não estavam ali. Só estava Cairo, pensou ele.

E nem Margo nem Jeff se tinham incomodado em dizer-lho.

– Tio Rafe! Tio Rafe!

Rafe virou-se a tempo de agarrar a menina de cabelo dourado que saiu a correr da casa em fato-de-banho cor-de-rosa.

Daisy.

A menina de seis anos de Margo e Jeff.

Se Cairo estava com Daisy, significava que não tinha trazido um amante com ela.

– A mamã disse que chegavas hoje – disse Daisy, entusiasmada.

Rafe apertou-a nos seus braços.

– Margo sabia que vinhas? – perguntou Cairo.

– É claro! – confirmou Rafe, olhando para Cairo.

Cairo quase não conseguia respirar ou pensar.

Depois de meses de stress, tinha precisado de desaparecer durante algum tempo, de estar num lugar onde não a fotografassem constantemente. Razão pela qual tinha aceitado a sugestão da sua irmã, Margo, de que, como Jeff e ela não poderiam ir de férias em Maio para o sul de França como faziam habitualmente, Cairo podia ir no seu lugar. E Cairo oferecera-se para ficar com Daisy, visto que a menina estava de férias.

Tudo tinha corrido bem até então. A imprensa, que durante os últimos dez meses andara avidamente à procura de uma mulher que viajava com uma menina de seis anos, não tinha aparecido.

Fora uma viagem longa de carro, mas a mansão, nas colinas que havia por cima de Grasse, fora uma surpresa agradável, um edifício térreo que mantinha a sua rusticidade ao mesmo tempo que oferecia todas as diversões de que podiam precisar, incluindo uma piscina enorme e algumas pequenas lojas na vila que satisfaziam as suas necessidades quotidianas.

E Daisy tinha demonstrado ser uma óptima companhia.

De facto, a simplicidade de tudo aquilo fora uma surpresa agradável depois de anos a saber o que faria na semana seguinte, no mês seguinte, no ano seguinte!

Mas Margo nunca tinha mencionado o facto de que Rafe Montero viria. De facto, ela nem sequer sabia que a sua irmã e o seu cunhado ainda eram amigos dele.

– Margo não me disse que vinhas – disse Cairo.

– Se te servir de consolo, também não me disse que estarias aqui – respondeu Rafe, secamente.

– Não serve. Sei que Margo não esteve bem ultimamente, mas…

– Talvez seja melhor continuarmos esta conversa mais tarde – interrompeu-a Rafe, olhando para Daisy, antes de voltar a olhar para Cairo.

Mas Cairo não reparou na advertência no seu olhar.

– Acho que devíamos resolver esta situação agora, Rafe…

– Parece-me bem que o penses.

Cairo sentiu-se indignada com o modo como a tinha ignorado.

Teria Rafe sido sempre tão irritante?, perguntou-se.

Irritava-a a sua arrogância, a sua autoconfiança e o pouco que tinha em conta os outros.

«Provavelmente», pensou Cairo.

Simplesmente, ela era demasiado ingénua oito anos antes, estava demasiado fascinada por ele, demasiado apaixonada para se dar conta.

Bom, agora não estava.

– Evidentemente, não o tens em conta – disse ela. – Rafe, não sei o que Margo, Jeff e tu combinaram. Mas, como evidentemente continuam em Inglaterra, não podes continuar com o teu plano de ficar aqui.

– E para onde sugeres que vá? – perguntou Rafe, franzindo o sobrolho.

A expressão dura de Rafe avisou-a que era melhor não responder o que queria. Portanto, em vez disso, disse:

– Para um hotel, é claro!

– Esperas realmente que faça isso na semana do Festival de Cinema de Cannes? – perguntou ele.

– Eu… O Festival de Cannes?

– É a razão pela qual estou em França neste momento – explicou-lhe Rafe. – Espera-se que o Obra de arte receba vários prémios – Rafe encolheu os ombros. – Como sou o realizador, tenho de assistir.

«O Festival de Cannes», repetiu Cairo na sua cabeça. Era claro que o filme de Rafe fora nomeado para um prémio.

– Mas Cannes fica a quilómetros daqui – insistiu ela.

– E?

– Deve haver algum hotel lá onde possas ficar. Estarás mais confortável do que se tiveres de viajar até aqui – disse Cairo.

– É muito amável da tua parte organizares os meus planos desta forma, Cairo. Mas viajei horas e, certamente, não tenho intenção de discutir mais este assunto até que, pelo menos, tenha tomado um banho na piscina. O que achas, Daisy-May? Vamos tomar um banho? – sorriu à menina ao ouvir o seu gritinho de alegria. – Parece-me que somos a maioria, Cairo.

Rafe deixou a menina no chão. Esta agarrou-lhe na mão e puxou-o para a piscina.

– Mas…

– Somos a maioria, já te disse…

Rafe largou a mão de Daisy e começou a tirar o pólo, deixando o seu peito e ombros a descoberto.

Cairo ficou com a boca seca. E não conseguiu desviar a vista de Rafe enquanto ele se despia.

Oito anos antes, ela tinha tido intimidade com aquele corpo bonito e musculado.

O tempo que tinha passado apenas melhorara aquele corpo.

O cabelo de Rafe roçava os seus ombros. Ele olhou para Cairo com olhos desafiantes. Tinha ar de espanhol conquistador com aquele sorriso brincalhão. Parecia ter-se dado conta de que deixara Cairo sem fala.

Maldito! Tinha-o feito de propósito. Tinha…

– Rafe! – exclamou ela, quando ele desabotoou o botão das calças de ganga e desceu lentamente o fecho.

– Passa-se alguma coisa, Cairo? – perguntou ele, de forma brincalhona.

Passava-se uma coisa muito má, pensou ela.

Oito anos antes não tinham acabado muito amigavelmente a sua relação. De facto, não se tinham falado durante todo aquele tempo.

Mas o simples facto de olhar para ele deixava-a muda e fazia-a ficar corada e acalorada. Toda ela se sentia incapaz de desviar o olhar daquelas calças de ganga e do «V» de pêlos escuros que desaparecia debaixo delas.

Cairo humedeceu os lábios.

– Daisy, podes trazer-nos um pouco de limonada para bebermos ao lado da piscina? – Cairo sorriu à sua sobrinha, fazendo um esforço para mexer os músculos.

– Não demoras muito, pois não, tio Rafe? – perguntou a menina quando já ia em direcção à casa.

– Dois minutos, Daisy-May – prometeu-lhe ele, sedutoramente.

«Tio Rafe. Daisy-May…», soou na cabeça de Cairo.

Deu-se conta de que Margo e Jeff tinham mantido a relação com Rafe. Era evidente a confiança e afecto da menina.

Só a família e os amigos próximos tratavam Daisy pelo nome carinhoso de Daisy-May.

Nos últimos oito anos, Cairo tinha vivido o tempo quase todo na América. Não tinha voltado a casa com muita frequência. Mas, no entanto, pensava que estaria informada sobre a relação de Rafe com a sua irmã e cunhado.

Rafe quase adivinhava os pensamentos turbulentos que passavam pela cabeça de Cairo. Evidentemente, estava zangada com Jeff e Margo por a terem posto naquela situação.

E ele adivinhava por que razão o casal o tinha feito. Nunca lhe tinham escondido que lamentavam que ele e Cairo se tivessem separado oito anos antes.

Embora «separado» não fosse a palavra adequada para semelhante catástrofe.

O seu último encontro tinha consistido num monólogo de Cairo, no qual lhe dissera que a sua relação tinha acabado. E, três dias mais tarde, tinha anunciado o seu noivado com Lionel Bond.

Um casamento que agora tinha chegado ao fim.

Mas Margo e Jeff enganavam-se se pensavam que aquilo ia mudar o que sentia. Embora a obstinação dela em partir apenas fizesse com que ele sentisse vontade do contrário!

– Limonada, Cairo? – ofereceu ele. – Embora eu preferisse um copo de vinho no terraço, a ver a vista da baía de Cannes.

Ela olhou para ele.

– Não vamos ver nada juntos, Rafe – respondeu ela, bruscamente. – De facto…

– Disse-te que deixássemos as explicações para mais tarde – recordou-lhe ele. – Neste momento, tenho intenção de tomar um banho com Daisy.

E para o demonstrar, continuou a descer o fecho das calças e a tirá-las.

Viu como Cairo esbugalhava os olhos.

O seu protesto morreu nos seus lábios quando descobriu que Rafe tinha um fato-de-banho preto por baixo das calças de ganga.

Mas a sua expressão tinha demonstrado que ela não era imune a ele, como tinha tentado fazê-lo pensar, pensou Rafe.

Cairo deixou escapar um suspiro.

– Rafe, quantas vezes tenho de to dizer? Não vais ficar aqui!