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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2008 Nicola Marsh

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Contratada por prazer, n.º 1721 - julho 2017

Título original: The Boss’s Bedroom Agenda

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-228-3

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Bethany Walker mostrou a língua à sua imagem refletida no enorme espelho que ia do chão ao teto.

– Estou horrorosa.

A sua prima Lana fez uma careta e disse:

– Vou promover-te oficialmente a Princesa dos Cromos.

– Estou mesmo um cromo, não?

Lana, que, ela sim, era a Rainha dos Cromos, estava a adorar a situação. Ela endireitou os seus grandes óculos no nariz e ficou a olhar para Beth, que tinha os cabelos loiros presos num rabo de cavalo.

– Estás perfeita para guia de museu. Vais encaixar na perfeição, não te preocupes.

Beth empinou o nariz enquanto endireitava o tecido de algodão branco da sua blusa perfeitamente passada.

– Como consegues usar estas roupas tão horríveis?

Lana arqueou uma sobrancelha e passou os olhos pelas roupas que Beth deixara caídas no chão.

– Eu poderia fazer-te a mesma pergunta…

Touché! Touché!

Beth sorriu, eternamente grata pela relação próxima que tinha com a prima.

Desde o primeiro momento em que as duas se aproximaram, com Beth a arrancar uma boneca das mãos de Lana, a amizade entre elas mantinha-se inabalável.

– Existe algo mais que eu deva saber? Alguma dica de última hora? Alguma instrução? Alguma forma de deixar a população de Melbourne completamente entediada enquanto vagueia pelo museu?

Lana moveu os cantos da boca.

– Só mais uma coisa…

– O quê?

Ela não estava a gostar nada do brilho nos olhos da prima, que deixava claro que a tarefa de transformar um antigo cisne num completo patinho feio ainda não chegara ao fim.

– Aqui – disse Lana, abrindo uma gaveta da sua cómoda e aproximando-se da prima. – precisas disto para completares o teu visual.

Beth sentiu um nó no estômago ao ver o par de óculos mais feio da sua vida.

Fazendo que não com a cabeça, ela ergueu os braços, protestando.

– Não! Não! De maneira nenhuma! Será que não chega já? Vestiste-me, penteaste-me, maquilhaste-me… Transformastes-me num clone de ti mesma. Agora ainda queres que eu use isso?

Lana insistiu:

– Eu sei… estou a brincar. No entanto, já me disseram que este tipo de óculos é a última moda entre as guias de museu mais bem-sucedidas da cidade.

– Imagino.

Beth revirou os olhos, sorrindo e olhando para os horríveis óculos pretos, ignorando o coro que repetia «quatro-olhos, quatro-olhos!» no fundo da sua mente.

Se ela odiava ter sido uma criança génio, odiava ainda mais ter de usar óculos, além de odiar as recordações que insistiam em não sair da sua mente. Tanto que, aos 16 anos, cansada de tantas alcunhas, resolvera procurar um emprego em part-time e comprara as suas primeiras lentes de contacto.

Quanto ao velho dito de que os rapazes não namoravam raparigas que usavam óculos, no caso dela estava certo. Aliás, aproveitando a compra das lentes de contacto, ela resolvera transformar o seu visual de rapariga bem comportada num estilo de femme fatale, e nunca mais voltara atrás.

– Tens a certeza? Isto completaria o teu novo visual.

Lana deu um passo atrás, cruzou os braços e ficou a admirar a sua obra, enquanto Beth se sentia a verdadeira noiva do Frankenstein, com aqueles sapatos horríveis e aquelas roupas ainda mais horrorosas.

– Sabes que eu não vou usar estas coisas para sempre, certo? Estou a fazer isto apenas para animar-te um pouco.

– Sim, eu sei. Aliás, é bem provável que chegues ao museu de helicóptero, certo?

– Boa ideia…

Lana sorriu.

– Por que fui eu decidir tentar arranjar-te esta entrevista?

Beth arrancou as roupas da prima do corpo e voltou a vestir as suas. Depois guardou-as no armário repleto de coisas horríveis da prima, fechando-o com força. Não queria voltar a olhar para nada daquilo.

– Porque achas que eu sou a melhor de todas. Porque o meu sangue é mais azul. E por mais alguma outra parvoíce desse género.

Lana ficou a mexer os lábios, com a sua característica expressão de paciência.

– Sendo assim, o que vais vestir?

A imagem do novo David Lawrence passou-lhe pela cabeça…

– Eu comprei um belo fato. Eu, com um fatinho! Acreditas nesta?

Lana sorriu.

– Na verdade, não… Não consigo sequer imaginar. Tenho de ver para crer.

– Passo por cá quando voltar para casa… e vais ver. Aliás, por falar em… – Ela olhou para o relógio e sorriu. – Tenho de ir-me embora.

– Sim… estás mesmo sem tempo. Deverias sair o mais depressa possível.

Lana caminhou para a porta e sentiu uma pontada de dor.

– Ei, deverias sentar-te um pouco. O tornozelo não vai melhorar se não cuidares de ti. Por mais que insistas em que o trabalho é maravilhoso, não vai ser muito agradável ficar às voltas por aquele mausoléu sem a tua companhia.

A presença de Lana tornaria a sua introdução àquele entediante trabalho um pouco menos monótona. Se pudesse, Beth ficaria fechada em casa, a criar aquelas belas esculturas de metal que tanto amava. Mas estava desesperada e precisava urgentemente de um emprego.

Embora ser guia do Museu de Melbourne não fosse salvar-lhe a vida, seria um passo importante para que alcançasse o seu sonho.

– Meu Deus, és mesmo chata…

Lana pôs as muletas debaixo dos braços e em seguida deixou escapar um longo suspiro.

– Voltarei ao ativo assim que os meus tornozelos estiverem curados.

E gemeu ao levantar um dos pés do chão.

– Sinto muito por não poder estar presente para mostrar-te tudo aquilo, como prometi. Eu sei que não é o trabalho dos teus sonhos e sei que disse que ajudaria nos primeiros dias, mas… aconteceu isto! – E apontou para os tornozelos.

– Não te preocupes. Tudo o que preciso de fazer é guiar um bando de fanáticos curiosos pelo museu. Vai ser canja.

Lana não parecia muito convencida.

– Já ouviste falar do novo chefe? Ele é o filho de um antigo diretor… muito conhecido no meio arqueológico. No entanto, a verdade é que eu não faço ideia de quem seja essa pessoa, esse tal Aidan…

– Eu vou ser obrigada a sorrir quando estiver ao lado dele. Esse chefe novo não deve ser muito diferente dos outros.

– Achas que conseguirias encantá-lo com o teu charme, não é?

Ao ver a expressão de dúvida no rosto de Lana, Beth entendeu o que sua prima mais velha, superinteligente e muito séria, estava a querer dizer.

– Caso contrário, serei obrigada a demonstrar as minhas incríveis habilidades como guia de museu. Uma coisa ou outra. Mas sabes que podes confiar em mim. Vou fazer um ótimo trabalho e manter a nossa reputação intacta, ok?

Lana encolheu os ombros e virou os olhos.

– Queres mesmo que eu responda?

– Na verdade, acho que não.

As duas sorriram em uníssono, relembrando as muitas vezes em que Beth pedira a Lana a sua opinião sobre um namorado, uma festa fixe ou uns bons saldos.

– Vai correr tudo bem. Caso precises de saber alguma coisa, podes ligar-me. Arranja maneira de ires à casa de banho e liga-me!

– Sei… isso é que é ser profissional… – disse Beth, sorrindo e pondo a sua mala de marca ao ombro. – Chegou a hora de cuidar das minhas coisas.

– Muito bem. Eu deixo-te ir embora. E lembra-te: não faças nada que eu não faria.

– Sim, senhora! – disse Beth, batendo continência. – Mas não vais desejar-me boa sorte? Não vais dizer-me nada desse estilo?

Lana apontou para a porta.

– Fora daqui. E leva esse raio desse sentido de humor fracassado também para fora.

Beth pousou uma das mãos na cintura e perguntou:

– Isso é maneira de falar com a mais nova estrela das guias do museu?

Lana arqueou uma das sobrancelhas, desesperada por um pouco de paz.

– Estrela? Acho que uma visita guiada feita por uma pessoa simpática, sensível e dedicada já seria bom.

– Sensível? Pois… – disse Beth, sorrindo e dando uma olhadela à sua indumentária. – Não te preocupes, minha querida. Podes contar comigo.

E mal ouviu quando Lana murmurou:

– Esse é exatamente o meu medo…

Beth saiu do quarto batendo a porta com força.

 

 

– Estes sapatos são de outro mundo – murmurou Beth, deliciando-se com o seu novo par de sapatos altos Sonia Rykiel.

Sim, ela deveria usar algo mais confortável para o seu primeiro dia de trabalho, sobretudo tendo em conta que passaria uma hora a viajar num elétrico apinhado para chegar ao museu, cheio de homens de negócios mal-encarados e estudantes que ainda não descobriram para que servem os desodorantes.

Sim, ela adoraria poder usar um confortável par de sandálias, ou mesmo chinelos, mas era uma mulher devota Dos sapatos, sempre atenta às perfeitas combinações entre roupas e saltos altos. Só assim conseguia ficar de bom humor. E, naquele momento, os saltos destes Sonia Rykiel pareciam proporcionar-lhe a maior confiança do mundo.

Deixar de lado as suas esculturas para ficar a vaguear por um museu o dia inteiro não estava entre as suas prioridades… Porém, com a corda ao pescoço e a conta bancária abaixo de zero, não havia outra solução.

Suspirando, ela apertou o saco que segurava contra o peito, sentindo o conforto das solas luxuosas dos sapatos a tocarem-lhe as plantas dos pés. Ela iria encontrar-se com um velho colega de faculdade depois do trabalho… e, por causa disso, não poderia cumprir a promessa de passar na casa da prima. Aliás, nem teria tempo de passar em casa para trocar de vestimenta, por isso resolvera levar a muda de roupa para o trabalho. Só de saber que carregava outro maravilhoso par de sapatos naquele saco já se sentia muito melhor.

Infelizmente, a sensação não durou muito tempo. Assim que o elétrico parou à porta do museu, ela desceu e deu apenas dois passos na calçada. O salto ficou preso no chão. Olhando para o relógio, percebeu que estava atrasadíssima.

Ao tentar desenganchar o salto, ouviu um barulho. Sim, o salto estava partido!

Ela não arruinara apenas um maravilhoso par de sapatos, mas também o seu primeiro dia de trabalho. Como poderia aparecer descalça?

Como se quisesse deixar clara a sua presença, sentiu a ponta do salto alto que carregava no saco ao abaixar-se para apanhar o sapato estragado. Depois, sentou-se num banco e tirou os sapatos dos pés.

Tirando o seu par de Manolos preferido do saco, ela calçou-os, observando a maravilha de ver os seus pés novamente adornados por sapatos tão incríveis.

Pouco depois, saiu a correr em direção ao museu com o seu par de sapatos preferido.

Com os sapatos certos nos pés, qualquer mulher é capaz de fazer qualquer coisa.

E Beth sabia que teria um dia duro pela frente.

 

 

«Os sapatos são incríveis», pensou Aidan Voss ao ver a nova guia do museu a aproximar-se, com um leve sorriso estampado nos lábios pintados com um brilho suave.

Ela não parecia preocupada por estar cinco minutos atrasada para o seu primeiro dia no novo emprego.

– Menina Walker?

– Sim?

Se os seus sapatos eram incríveis, os seus brilhantes olhos verdes captaram completamente a sua atenção. Estes cintilavam inteligência. Ninguém seria capaz de não reparar naquela cor magnífica.

– Está atrasada – disse ele, olhando para aquele rosto perfeitamente esculpido e as suas bochechas altas, o seu nariz empinado e a sua boca com lábios cheios.

Aquele rosto deveria pôr qualquer um KO, mas, embora fosse um homem que sabia apreciar a beleza, ele também era capaz de conversar e encará-la friamente.

– E o senhor, quem é?

Surpreendido por receber aquela questão como resposta, e chateado a ponto de não conseguir sorrir, ele respondeu-lhe:

– Eu sou a pessoa que tem de chamá-la à atenção por atrasar-se no seu primeiro dia de trabalho.

Ela curvou os lábios num leve sorriso, dizendo:

– Não iria despedir-me momentos antes de eu realmente começar a trabalhar, pois não? Seria uma péssima maneira de dar início a uma relação de trabalho.

Ele sorriu, cheio de vontade de mandá-la imediatamente de volta para casa.

Ao ver o seu currículo, ele esperava uma pessoa com vontade de aprender, uma estagiária dedicada ao novo cargo. No entanto, com os seus cabelos loiros e fartos presos num rabo de cavalo, com o seu corpo esguio e bem proporcionado, com a sua pele rosada e perfeita, ela parecia uma felina indomável, não uma guia de museu.

Felina indomável? Onde tinha ido ele buscar isso?

Olhando para os pés daquela mulher, para aqueles sapatos incríveis, ele percebeu exatamente o que lhe suscitara tal expressão.

Ele era um homem que adorava pernas, era louco por pernas… e percebeu logo que as pernas bem torneadas daquela mulher, juntamente com aquele par de sapatos absolutamente irresistível, não eram uma combinação muito boa para um museu tão conservador.

No entanto, resolveu ignorar isso tudo, sobretudo quando começou a pensar em como seria o traseiro da dona de um par de pernas tão impressionante.

– Eu não sou um funcionário qualquer.

E lançou-lhe um olhar feroz, um olhar que faria qualquer outra pessoa tremer.

Ela ergueu os olhos, que estavam mais verdes do que antes.

– Sendo assim, não tem o direito de demitir-me. Portanto, se não se importa…

– Eu sou o seu empregador!

E esperou notar um desespero nos olhos daquela mulher recém-chegada, mas ela, novamente, provou que ele estava enganado.

– Muito prazer em conhecê-lo. O meu nome é Beth Walker, e sou uma extraordinária guia de museu à sua inteira disposição.

Ele apertou-lhe a mão, observando o enorme sorriso no rosto de Beth e ficando sem saber muito bem o que fazer.

– O meu nome é Aidan Voss. Eu sou o novo diretor deste espaço.

Um diretor que não deveria estar atento ao olhar brilhante da nova empregada, nem ao seu sorriso, nem à sua voz, mas tudo aquilo o desafiava como nunca.

– Cumprimenta sempre os seus novos empregados? – perguntou Beth.

– Apenas os que chegam tarde no primeiro dia – rebateu ele. – E devo dizer que a sua falta de pontualidade surpreende-me, menina Walker.

– Pode tratar-me por Beth – disse ela, baixando os olhos, mas não sem antes deixar bem claro que não tinha medo nenhum do homem que estava à sua frente. – E sinto muito pelo atraso. Eu ia chegar a horas, mas tive um problema com os sapatos…

Mais uma vez, ele ficou louco de vontade de olhar para aqueles sapatos e para aquelas pernas…

– Por falar em sapatos, acha que estes são apropriados para o seu trabalho neste museu?

Ela agarrou o saco que carregava.

– Sapatos como estes são sempre uma escolha perfeita… – Ela fez uma pausa ao perceber que ele franzia a testa, mas depois prosseguiu: – A verdade é que eu parti o salto dos meus outros sapatos ao descer do elétrico e não tive escolha. Ou calçava o meu par de Manolos ou vinha descalça. No entanto, algo me diz que o senhor não aprovaria a segunda opção, certo?

Mais uma vez, ele deu por si a olhar para aquele incrível par de sapatos. E não, ela não deveria ficar feia descalça… Limpando a garganta, ele disse:

– Peço apenas que amanhã venha com algo mais apropriado.

Ela curvou os lábios num sorriso tentador:

– Portanto não vou ter problemas por ter chegado cinco minutos atrasada?

– Não brinque com a sorte – murmurou ele, intrigado com aquela combinação de confiança e vulnerabilidade.

Mesmo naquele momento, com os seus dedos a ficarem brancos de tanto agarrar o seu saco, ela encarava-o, pelo menos aparentemente, sem intimidação.

Ele nunca conhecera ninguém como ela. Até então, todo a gente se sentia intimidada à frente dele, uma sumidade do mundo da arqueologia.

Como nova empregada, ela deveria ter procurado saber um pouco sobre o novo chefe, a sua família e a sua fama, mas agia como se desconhecesse tudo isso. Pior: agia como se pudesse namoriscar com ele.

– Caso o senhor não tenha mais nada para dizer-me, posso começar o meu trabalho?

Fazendo que sim com a cabeça, ele franziu novamente a testa.

– Claro. E imagino que a menina tenha aprendido algo sobre as visitas guiadas a este museu.

– Ah…

– Sendo assim, pode começar pela Galeria Australiana, que hoje estará calma, pois não recebemos muitas visitas escolares às segundas-feiras. Alguma pergunta?

– Não, obrigada. Estou pronta e cheia de vontade de começar a trabalhar.

Ele piscou os olhos, mas continuava fortemente atraído por aqueles lábios carnudos.

Chateado com tamanha distração, especialmente tratando-se de uma funcionária, ele usou a maior frieza possível no seu tom de voz.

– Por agora é tudo. Boa sorte.

Ela abriu o sorriso mais confiante da sua vida.

– Obrigada, mas eu não preciso de sorte. Sou boa em tudo o que faço.

E deu meia-volta… mas na direção contrária.

– Beth, a Galeria Australiana fica na outra direção.

Ela suspirou, fez uma pausa, olhou para trás e viu que ele apontava precisamente na direção oposta.

Uma espécie de pânico repentino tomou conta dos seus olhos. Era como se um vento frio tivesse entrado pelas grossas paredes do museu de Melbourne.

– Eu sei.

E voltou a agarrar o saco com força, abrindo um novo sorriso que tentava estampar toda a confiança do mundo.

– Só queria tomar um pouco de cafeína antes de começar.

– A cafeteria também fica naquela direção.

Ela sorriu e, mesmo sem querer, agarrou o saco ainda com mais força.

Encolhendo os ombros, ela disse:

– Nunca fui muito boa com mapas.

– Espero que aprenda a caminhar por aqui rapidamente. Afinal de contas, será responsável por guiar os grupos por estes corredores.

– Vai correr tudo bem – respondeu ela, erguendo mais uma vez o queixo. – Obrigada pelas boas-vindas, mas já é hora de eu começar a trabalhar.

Ele não pôde evitar um sorriso ao ver tamanha confiança estampada no rosto daquela mulher. Porém, tinha de voltar ao seu escritório e terminar um relatório que deixara a meio.

– Alguém me disse que o chefe deste museu está sempre a controlar os relógios.

Após fazer o comentário, ela afastou-se, e, aos olhos do chefe, parecia ainda mais bonita à distância. Que roupa, que elegância, que corpo, que pernas sensacionais!

Sim, ele tinha de dar uma vista de olhos no currículo daquela nova funcionária do museu, funcionária que fora contratada pelo seu pai.

Qualquer pessoa capaz de usar um par de sapatos como aquele no primeiro dia de trabalho e não se sentir intimidada por Aidan mereceria ser analisada.

E ele pretendia ficar de olho naquela mulher.

Aliás, com ela, ele pretendia ficar com os dois olhos bem abertos.