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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2005 Helen Brooks

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Dois mundos, n.º 921 - Julho 2016

Título original: The Millionaire’s Prospective Wife

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2006

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-8616-2

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Cory apercebeu-se imediatamente do erro que tinha cometido ao soltar Rufus da trela. O poderoso labrador atravessou Hyde Park como alma possuída pelo Diabo. À sua passagem, as mães resgatavam os seus filhos do chão e os casais de idosos afastavam-se com uma habilidade que pensavam perdida há alguns anos. Até um grupo de jovens com calças de ganga rasgadas de propósito e com piercings por todo o corpo, de repente, deixaram de parecer tão modernos e maus e tiveram que se afastar aos gritos. Apesar disso, Cory agradeceu o seu bom humor.

– Porque não ouves o que a tua tia te diz? – reprovou-se em voz alta enquanto corria atrás do cão, chamando-o a cada vinte metros.

Por incrível que pareça, Rufus mostrara-se dócil durante o passeio pela rua Bayswater desde a casa da sua tia. Sentara-se quando tinha que o fazer, sem necessidade de ser avisado, e caminhara devagar como um verdadeiro cão adestrado.

– Não o soltes da trela, Cory – mesmo antes de sair de casa, a sua tia, que tinha a perna engessada devido a uma queda duas semanas atrás, avisara-a que não o soltasse. – Acho que posso confiar nele agora, mas não sei como reagiria com outra pessoa. É muito carinhoso, certamente, e adora crianças e outros cães, mas os primeiros donos mantiveram-no preso durante muito tempo e maltrataram-no, como já te contei. Pobre criatura!

«Pobre criatura» não era a frase que ela teria usado para descrever o cão naquele instante. Cory estava preocupada. Sentia os pulmões prestes a explodir e ardiam-lhe o peito e a garganta. Ocorriam-lhe uns quantos adjectivos, mas «pobre criatura» não era nenhum deles.

Rufus fez várias paragens relâmpago para farejar aquelas partes da anatomia que os cães acham tão interessantes. Cory encontrou-se mais perto dele do que nunca desde que tinha começado a corrida. Reuniu todas as suas forças e gritou:

– Rufus, quieto!

Mesmo quando o animal se preparava para irromper numa reunião social com um caniche, virou a cabeça dourada e os seus olhos castanhos pareceram mostrar uma expressão de espanto, como se não entendesse porque ela não se entregara totalmente àquela maravilhosa brincadeira que ele tinha organizado. Cory aproveitou essa oportunidade para gritar:

– Vem cá, Rufus!

Ainda os afastavam uns cinquenta longos metros, mas ela era incapaz de continuar a correr, a dor do peito impedia-a. Não soube se foi pela violência da sua voz ou pelo facto de ter começado a andar, mas o enorme cão, de repente, apercebeu-se de que tinha feito algo de errado. Depois de hesitar um instante, recomeçou a sua corrida, desta vez directamente para ela, disposto a impressioná-la com a rapidez da sua obediência. Certamente, não viu a figura alta e bem vestida com que estava prestes a cruzar-se. Houve um instante interminável no qual o homem e o cão se encontraram, mas os cinquenta quilos de músculo canino puro atiraram a sua vítima pelos ares.

Uma mala de pele muito bonita voou para um lado, o casaco do fato que levava sobre o ombro voou para outro, e a única coisa que Cory pôde fazer foi observar toda a cena, perplexa e aterrorizada. O homem aterrou de costas fazendo tremer a terra e até Rufus se apercebeu do seu tremendo erro. Andava à volta do homem e, quando Cory chegou, tinha as orelhas coladas à cara e tremia como se estivesse prestes a chorar.

– Lamento muito – Cory ajoelhou-se com as suas calças de ganga justas, t-shirt cor-de-rosa e o cabelo despenteado, da cor do chocolate. – Sente-se bem?

O homem permaneceu totalmente quieto um minuto e depois respirou fundo, gemendo de dor. Certamente não era o momento de reparar como tinha um corpo escultural, como era alto, magro e o seu corpo musculado exsudava uma virilidade agressiva que o tornava muito sexy. Além disso, tinha um cabelo preto fora do comum.

Cory engoliu em seco. «Quem são Pierce Brosnan, Orlando Bloom, Brad Pitt?» Teve que voltar a engolir em seco antes de conseguir dizer:

– Está magoado? Partiu alguma coisa?

Uns olhos muito azuis encontraram-se com os dela. Apesar de estar no chão e de ter perdido o fôlego pelo ataque, ou talvez por isso mesmo, o seu olhar era letal. Olhou para ela com agressividade, tornando quaisquer palavras desnecessárias. Quando Cory tentou ajudá-lo a endireitar-se, ele fez um gesto cortante com a mão que lhe pareceu selvagem. Infelizmente, Rufus escolheu aquele momento para lhe pedir perdão lambendo-lhe o rosto. O homem ficou petrificado durante um instante, mas não disse nada até se levantar.

Era muito alto. Cory teve que olhar para cima depois de ela própria se endireitar. Era mesmo muito alto e estava zangado, muito zangado.

– É seu?

– Lamento – ainda se sentia perturbada com aquele olhar gelado e com a expressão petrificante que a boca endurecida dava ao rosto masculino. Cory não conseguia pensar.

– Isto – ele apontou para Rufus, furioso. – É seu...? Bolas! – exclamou, interrompendo a sua pergunta inicial. – O que é que ele está a mastigar?

Oh, não! Não, não! Aquilo não podia estar a acontecer. Tirou o telemóvel da boca de Rufus, mas o mal era irreparável.

– Era muito caro? – perguntou em voz baixa, embora já soubesse a resposta.

O homem não fez caso da mão estendida com o telefone mastigado e molhado e suspirou profundamente. Agarrou na sua mala e no seu casaco com um gesto de dor.

– Lamento muito – desculpou-se ela. – Não devia ter soltado a trela.

Ele fez um gesto irónico com a sobrancelha.

– Não me diga!

Não era muito amável, mas não podia culpá-lo. Cory suspirou.

– Pagarei todos os prejuízos, evidentemente – declarou ela com uma pequena careta.

Ele fez outro gesto com o sobrolho.

– Tenho que lhe agradecer ainda por cima? – perguntou com voz suave.

Que indivíduo tão desagradável! Cory descobriu naquele instante que podia ignorar a beleza dos seus olhos azuis. Não era tanto pelo que dizia, mas pela forma tão desagradável como o dizia.

– Não – replicou ela, cortante, enquanto todo o seu corpo ficava tenso. – Só estava a tentar compensá-lo, mais nada.

Rufus tinha-se sentado ao lado do homem como se não a conhecesse e era agora a viva imagem da docilidade. Virava a sua grande cabeça para ambos enquanto falavam. Cory sentiu vontade de o estrangular. Dispôs-se a pôr-lhe a trela e disse-lhe:

– Rufus, vem cá!

Naquele momento, passou o caniche que ele vira antes.

Ela gritou desesperadamente:

– Rufus, não! – mas não serviu de nada porque o animal saltou, cego e surdo, guiado só pelo instinto das suas hormonas.

Só tinha dado uns passos quando, de repente, se ouviu um profundo e cortante:

– Senta! – o cão travou em seco. – Aqui! – ouviu-se outra ordem com o mesmo sucesso.

O cão executou uma volta perfeita até se sentar em posição de reverência junto às pernas do homem. Uma mão masculina com gesto autoritário estendeu-se para agarrar na trela, e Cory entregou-a. Pouco depois, o homem devolvia-lhe tanto a trela como o cão.

– Obrigada – disse, contrariada.

– Não pode ordenar com sugestões – disse o homem com frieza. – Tudo depende do tom de voz que usa.

– É especialista em cães? – respondeu Cory sem pensar.

– Não – respondeu ele quase insultante, enquanto dirigia os seus olhos azuis para ela. – Sou especialista em fazer-me obedecer.

Por alguma razão, ela não duvidou.

– Seria bom que tivesse umas aulas de adestramento – continuou ele com uma condescendência insuportável.

Cory percebeu que as aconselhava a ela e não ao cão e alegrou-se muito por ele ter o cabelo cheio de erva.

– Ele não é meu – disse. – A minha tia salvou-o recentemente do canil. Disseram-lhe que os antigos donos o mantiveram preso desde cachorrinho e que o alimentavam só de vez em quando. Ela leva-o a aulas de adestramento – foi maravilhoso poder dizer a verdade, – mas partiu uma perna e eu ofereci-me para o levar a passear esta manhã.

O homem afastou os seus olhos dela e olhou para o cão dourado.

– Pobrezinho! – exclamou directamente para Rufus, que abanava a cauda com frenesi.

De repente, olhou para ela novamente e a sua voz perdeu o tom suave e recuperou a frieza de antes.

– Para o bem do cão e de qualquer um que possa cruzar-se no seu caminho, não o solte da trela até a sua tia recuperar, está bem?

Cory mordeu o lábio para conter as palavras que lhe passavam pela cabeça. Contou até dez.

– Já tinha pensado nisso.

– Ainda bem.

Parecia disposto a ir-se embora, por isso Cory apressou-se a dizer-lhe:

– O seu telefone. O que disse há pouco era verdade, estou disposta a pagá-lo. Quer o meu número de telefone e a minha morada?

Ele franziu o sobrolho.

– Está sempre assim tão disposta a dar os seus dados pessoais a desconhecidos?

Provocava-a de propósito e ela sabia, mas não conseguiu deixar de ficar irritada.

– Não estou encarregue de um cão que derruba as pessoas diariamente – respondeu.

Ele murmurou qualquer coisa que ela pensava que podia ser «Graças a Deus», antes de replicar:

– Não se preocupe com o telefone, menina...?

– James. Cory James – olhou para ele intensamente com os seus olhos castanhos, um tom ou dois mais claros do que o seu cabelo. – E eu insisto em pagar-lhe um novo, senhor...?

– O meu nome é Nick Morgan e repito-lhe que não deve preocupar-se com o telefone – tirou-lho das mãos e meteu-o ao bolso com gesto desenvolto.

– Não posso permitir isso – disse Cory, obstinada. – Rufus destruiu-o e eu não me sentirei satisfeita até o ter compensado.

O queixo quadrado dele ficou tenso.

– Não é necessário.

– Eu acho que é.

– É sempre assim tão... – hesitou um instante antes de acabar a frase – insistente?

Ela tinha a certeza de que não era isso que ele quisera dizer.

– Sempre.

– Providenciar-me-ão um telemóvel novo assim que chegar ao trabalho – disse sem se alterar. – Mas se sente mesmo que tem que me compensar...

– Sim.

Ele sorriu suavemente como se tivesse descoberto algo engraçado. Cory apercebeu-se de que tinha antecipado a sua reacção ao que ia responder e estava a desfrutar da cena.

– Preciso de uma acompanhante para um evento social esta noite. A minha acompanhante teve que sair de Nova Iorque sem aviso prévio – os seus olhos atravessaram-na como dois raios laser. – Gostaria de vir comigo?

Cory teve que se recompor.

– Estou a falar a sério. Claro que se já tem planos, ou um marido ou um namorado que possam objectar algo... – deixou que a sua voz se silenciasse, mas não parou de olhar para ela.

Cory pensou em mentir-lhe, mas decidiu que não podia fazê-lo porque ele se aperceberia. Por alguma razão, ela sabia sem lugar para dúvidas que seria capaz de perceber qualquer tipo de mentira sem problemas. Olhou para ele com seriedade.

– Não estou comprometida – disse rapidamente. – De que tipo de evento se trata?

Cocktails, jantar e baile.

Não era uma explicação suficiente e ambos sabiam disso. Cory queria saber mais. Depois de uns segundos criou-se entre eles uma tensão que ela qualificou de insuportável. Finalmente, ele falou:

– Recentemente adquiri uma empresa e vou ter um gesto de boa vontade para com o director-geral e os sócios. Não é nada sério. Um evento social no Templegate para que possamos conhecer-nos melhor.

– Quantos irão à festa? – perguntou, decidida.

– Só dezasseis ou quinze, desde esta manhã – acrescentou, ironicamente. – Pelos vistos ofereceram um contrato de modelo à minha acompanhante que ela não pôde recusar.

«A namorada dele era modelo? Mas que outra coisa podia ser?», perguntou-se Cory, mordazmente. Era óbvio que era imensamente rico e, se tivesse em conta o comentário sobre a empresa, certamente tinha muito sucesso. Isso, juntamente com o facto de ser atraente, torná-lo-iam no solteiro de ouro do ano e manadas de mulheres fariam fila para estar com ele. Aquele último pensamento impulsionou-a a indagar.

– Mas de certeza que terá mais alguém que ocupe o lugar dela.

– Devia? – respondeu ele com graça.

– Então, não tem?

Ele não lhe respondeu directamente. O que disse foi:

– Você queria compensar-me pelo que o cão fez e eu sugeri-lhe um modo de o fazer. Se não é do seu agrado, não há problema.

«Não é do meu agrado?» Claro que era. O tipo de mulher que ia ao Templegate só vestia Versace ou Armani. Os sapatos com que cobria os seus pés custariam vários meses do salário dela. Mas passar a noite na companhia daquele estranho que divertiria outros estranhos seria uma tortura. Para começar, teria medo de dizer ou de fazer alguma coisa incorrecta. E se se encontrasse com um grupo de empertigados, distantes ou simplesmente pouco comunicativos?

Deu uma vista de olhos rápida ao parque, banhado pela luz de Junho, como se isso fosse ajudá-la, antes de voltar a cruzar os seus olhos com o olhar azul dele.

– Está bem – ouviu-se dizer, incrédula. – Se é isso que quer, está bem, embora preferisse pagar-lhe o telefone e resolver este assunto.

– Não é o sim mais cortês para um convite de jantar que já ouvi – ele parecia continuar a divertir-se. Meteu a mão na mala e tirou um cartão dourado, que lhe entregou.

Cory olhou para ele, esperando ver um cartão de visita comum, mas só tinha o seu nome e quatro números de telefone.

– Esqueça o primeiro número. É da minha casa em Barnstaple – disse ele num tom de impaciência. – O segundo é do meu apartamento de Londres e o terceiro a linha privada do escritório. Como bem saberá, o número do telemóvel é pouco importante agora.

Os seus olhos azuis dolorosos focaram Rufus um instante e o grande cão virou-se com ar de culpa para os pés dela. Nick fez uma careta com a boca e olhou para o relógio de ouro que tinha no pulso, franziu o sobrolho e disse com impaciência:

– Estou atrasado para uma reunião importante, menina James. Telefone-me para o apartamento depois das seis para me dar a sua morada ou para o número do meu escritório se quiser falar comigo antes. Reservei mesa para as oito e meia, mas vamos encontrar-nos todos no bar às oito. Eu gostaria de chegar ao clube antes das sete e meia. Parece-lhe bem?

Os olhos azuis varreram a sua cara mais uma vez e, inexplicavelmente, a pulsação de Cory acelerou-se. Conseguiu assentir com a cabeça ao mesmo tempo que respirou fundo.

– Ouça: sou apenas uma rapariga normal e trabalhadora – disse sem fôlego. – Não costumo frequentar lugares como o Templegate. Se encontrar alguém mais adequado para esta noite, por favor, não hesite em dizer-me quando lhe telefonar. Eu entenderei perfeitamente.

Nick dispunha-se a ir-se embora, mas virou-se para olhar para ela. Olhou para ela de cima a baixo, como se a avaliasse. A sua expressão não mudou nem o seu tom de voz quando lhe disse:

– Não vou mudar de opinião, menina James. Adeus.

«Oh!» Cory corava enquanto o via andar com os seus passos longos, que cedo o levaram muito longe. Olhara para ela como se ela fosse uma espécie de cavalo que estava prestes a comprar. Ficou ali durante mais algum tempo até que um ladrar a tirou dos seus pensamentos. Olhou para Rufus e reparou que estava a queixar-se pela inactividade. Que descaramento!

– Não comeces – avisou-o com ferocidade. – A culpa é toda tua.

O cão mexeu as orelhas antes de começar a andar e puxar a trela. Começou a mover o seu focinho quando viu passar uma linda collie com um laço cor-de-rosa que lhe mantinha o pêlo fora dos olhos.

– Se fosse por mim, já te tinham feito uma pequena operação – resmungou Cory antes de voltar a levantar os olhos. Ele já tinha desaparecido. Pôs a sua mão em modo de viseira sobre os olhos para ver através da luz do sol, mas, depois de um minuto ou dois, teve que aceitar que ele tinha mesmo desaparecido da sua vista.

Tudo encaixava dentro do panorama de um sábado normal. Havia crianças, jovens em skates, famílias a passear, casais deitados na relva a apanhar sol ou a ler, pessoas a passear os seus cães, grupos de adolescentes a jogar futebol, críquete ou a lançar frisbees, mas, de repente, sentiu-se alheia a tudo aquilo. Uma perseguição no parque dera, inesperadamente, azo a algo extraordinário e agora que ele se tinha ido embora, ela tinha tempo para pensar no que tinha acontecido. Entrou em pânico.

Devia estar louca, completamente louca, para ter aceitado acompanhá-lo ao Templegate naquela noite. Não só ia acompanhá-lo, como também ia ser anfitriã de um grupo de pessoas que nunca vira na sua vida. Porque não lhe dissera que não? Porque não aproveitara a escapatória que lhe oferecera? Que raios a impulsionara a aceitar uma proposta tão ridícula?

Tentou apagar da sua memória a imagem do homem bonito com um corpo escultural. Enquanto continuava o seu passeio pelo parque, disse para si que ele não era o seu tipo. Não estava minimamente interessada em Nick Morgan. Isso seria uma loucura. De qualquer modo, ele já tinha uma namorada e a última coisa que ela queria agora era uma relação. Não, ela simplesmente queria compensá-lo pelo que acontecera, mais nada.

Olhou para Rufus, que caminhava felizmente ao seu lado, e resmungou interiormente: «Porque é que lhe tirei a trela?».

A sua tia Joan fora muito clara e ela tinha ignorado os seus conselhos. E não era a primeira vez na sua vida que o fazia, mas não ia pensar em William Patterson agora. Já tinha muitos problemas, e o mais imediato era o que ia vestir naquela noite. Teria que fazer compras de última hora, já que não tinha nada que pudesse encaixar no ambiente fabuloso do Templegate.

Acelerou o passo. Rufus andava sempre com rapidez e, quando chegaram a casa da tia de Cory, ambos estavam ofegantes.

– Sentes-te bem, querida? – perguntou-lhe a sua tia quando lhe abriu a porta. – Pareces acalorada.

Cory pensou que não se importava nada de estar apenas acalorada.

– Fiz uma estupidez – Cory disse, quando entrou no hall. – Uma autêntica estupidez.

– A sério?

Ela assentiu com a cabeça.