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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2009 Kathryn Ross

© 2018 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Grávida do milionário grego, n.º 1214 - janeiro 2018

Título original: Kept by Her Greek Boss

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-997-8

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Prólogo

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Epílogo

Se gostou deste livro…

Prólogo

 

Katie olhou pela janela e observou como o sol se punha, envolto numa bruma rosada, sobre os telhados de Londres. Disse para si que talvez não estivesse grávida. Só tinha uma semana de atraso e, de qualquer modo, nunca fora muito regular.

Deveria fazer imediatamente o teste. Não parava de olhar para a mala e, cada vez que o fazia, o seu coração acelerava com apreensão. Naquele momento, quando os telefones tinham deixado de tocar e os escritórios estavam vazios, era o momento perfeito.

O quanto antes soubesse, mais depressa poderia tomar uma decisão sobre o que devia fazer.

E o que faria se o resultado do teste fosse positivo?

Apoiou a testa contra o vidro frio. Não havia dúvida de que o seu chefe era o homem mais bonito e fascinante que já conhecera, nem de que gostara daquela aventura. No entanto, só se tratava disso. De uma aventura.

Alexi não era do tipo de homens que assentavam a cabeça. Tinha-o deixado muito claro desde o começo e tinha-lhe parecido bem. De facto, muito bem. Tinha estado completamente de acordo com ele.

Tinha pensado que tinha tudo controlado. Nada mais longe da verdade. Virou-se para não continuar a olhar pela janela. Acabava de compreender que, naquele momento, estava a considerar a sua aventura com Alexi de um modo muito diferente e que o que via, o que sentia estava a assustá-la. Era muito estranho como a vida podia mudar num instante.

Estava prestes a pegar na sua mala quando um ruído lhe indicou que já não estava sozinha. Ao levantar o olhar, viu Alexi de pé, à porta. Como sempre que cruzava o olhar com o dele, os seus sentimentos viram-se envolvidos num redemoinho de sensações. «É de cair para o lado.» Fora assim que tinha descrito uma vez o magnata grego e essa descrição era extremamente exacta.

– Sabes que toda a gente já acabou por hoje, não sabes? – perguntou-lhe ele.

– Tinha de confirmar alguns valores – replicou ela, tentando concentrar-se nos negócios. Sentou-se novamente à frente da sua secretária.

– Bom, como está a correr?

– Já estou quase a acabar – disse ela. Só faltavam alguns dias para que o seu contrato ali acabasse.

Olhou-o enquanto ele se aproximava mais um pouco. Gostava do modo como Alexi se vestia. Tinha a elegância inata que os homens da Europa continental pareciam alcançar tão facilmente. No entanto, não era o que a atraía, como também não era o físico perfeito que se escondia por debaixo daquela roupa. Era outra coisa. Era a aura de poder, o modo distante, seguro e quase cruel com que era capaz de manter a atenção de Katie. Ela gostaria que ele não tivesse um efeito tão devastador sobre ela, nem que a fizesse perder o controlo dos seus sentimentos, mas assim era.

Quando Alexi parou justamente à frente da sua secretária, tentou, precipitadamente, afastar aqueles sentimentos.

– Saíste-te muito bem. Como é claro, isso significa que teremos de arranjar tempo para falarmos sobre como vão ser as coisas a partir de agora.

Emocionalmente, quereria dizer? Katie engoliu em seco. Não conseguiu responder.

– Eu gostava que ficasses…

Aquelas palavras, pronunciadas suavemente, provocaram-lhe sentimentos que não se atrevia a analisar. Olhou para ele com cautela, enquanto o seu corpo ficava tenso, à espera.

– Em que cargo?

– No mesmo. Vou comprar uma nova empresa e gostaria que te ocupasses de um projecto semelhante em meu nome.

Katie tentou conter a desilusão. Era claro que Alexi não estava a falar de sentimentos. Ele nunca o fazia. Era tabu. Única e exclusivamente, Alexi Demetri era um homem de negócios.

– E… nós? – perguntou ela, com muita dificuldade.

– Bom, podemos continuar como até agora, não é? – respondeu, olhando fixamente para ela. Então, sorriu. – A divertirmo-nos.

Katie assentiu e tentou parecer indiferente àquele comentário.

– Bom, poderemos falar disso mais tarde.

Alexi franziu o sobrolho durante um instante, como se aquelas palavras o tivessem surpreendido.

– Então, presumo que a pergunta seguinte seja… – disse, inclinando-se sobre a mesa e apoiando as mãos sobre a secretária – na tua casa ou na minha?

Ao ouvir aquela pergunta, Katie sentiu que os músculos da barriga ficavam tensos. Desejava-o tanto… Ansiava esquecer tudo e deixar simplesmente que ele a abraçasse. No entanto, não era no que Alexi estava a pensar. Tinha intenção de fazer amor com ela até que ela ficasse sem sentidos e estivesse completamente saciada. Então, sorriria cheio de satisfação e dir-lhe-ia que era óptima, antes de se afastar dela e dirigir a conversa e o estado de espírito para os negócios.

Pela primeira vez na sua relação, Katie sentiu-se como se já não conseguisse suportar a situação. A sensação foi aumentando dentro dela com uma intensidade inquietante.

– Pensava que esta noite tinhas uma reunião com o director da Transworth – replicou.

– Sim, mas não deve durar muito. Devo acabar por volta das dez horas – disse ele. Contornou a secretária e sentou-se sobre a mesa. Aquela proximidade perturbou-a ainda mais.

– Alexi, hoje foi um dia de loucos. Não parei e…

– Estás a dispensar-me? – perguntou ele. Não parecia zangado, mas divertido.

– Receio que sim. Uma mulher tem de respeitar as horas de sono de que precisa para ficar bela.

Alexi estendeu uma mão e levantou-lhe o rosto pelo queixo para que ela se visse obrigada a olhar para ele.

– Parece-me que estás óptima e não acho que precises de dormir para recuperares a tua beleza – murmurou. O contacto dos dedos contra a pele fez com que Katie se sentisse cheia de desejo. – Mas vou deixar-te esta noite, desde que penses na minha proposta de negócios.

Não a largou imediatamente. Os dedos acariciaram-lhe suavemente o rosto antes de se afundarem na cabeleira comprida e escura. Antes que ele conseguisse beijá-la, Katie respirou fundo.

Sabia beijar muito bem… Só Alexi conseguia aquecê-la por dentro, fazer com que ela o desejasse com uma urgência que nunca tinha experimentado. Ao longo dos últimos dois meses, rendera-se a ele por completo, gostara dos sentimentos selvagens e excitantes que ele lhe causava, mas, naquele dia, a mestria com que Alexi dominava os seus sentimentos assustava-a.

Não queria continuar a sentir-se assim, mas não conseguia evitar deixar-se levar pelo prazer do momento.

O telemóvel de Alexi começou a tocar. Durante um instante, não lhe prestou atenção. Então, afastou-se secamente dela.

– Desculpa, Katie. É melhor que atenda esta chamada.

Ela encolheu os ombros e tentou que não lhe importasse.

– Olá, Mark, como está a situação no escritório de Nova Iorque?

Como era possível que ele fosse capaz de beijar com tanta paixão e, apenas um momento depois, soar plenamente sob controlo?

A própria Katie respondeu à sua pergunta: porque não estabelecia com ela uma relação emocional. Tentou recuperar o controlo de si mesma. Afastou o cabelo do rosto e estendeu a mão para pegar na sua mala.

– Demorarei um pouco – murmurou ela ao reparar que Alexi olhava para ela.

Ele assentiu.

– Limita-te a tratar disso, Mark! – exclamou. – Eu não dou segundas oportunidades. Esse tipo estragou tudo.

Katie dirigiu-se para o corredor. Alexi era um homem de negócios completamente cruel. Já o sabia. No entanto, também tinha lido muitas coisas sobre ele nas revistas cor-de-rosa e sabia que também podia sê-lo na sua vida privada.

Já fora casado e, desde o seu divórcio, mudava constantemente de companhia feminina.

Se aquele teste de gravidez desse positivo, ficaria completamente sozinha. Tinha ouvido o rumor de que o casamento dele tinha acabado porque ele não desejava ter filhos e a sua ex-mulher, sim.

Infelizmente para Katie, a aventura que tinham não significava nada para ele. Como podia ter sido tão estúpida? Tinha crescido numa família monoparental e fora muito difícil. As lembranças ainda a perseguiam.

Se o teste desse negativo, prometeu a si mesma que aprenderia a lição. E acabaria com Alexi de uma vez por todas.

Capítulo 1

 

Katie entrou no hall impressionante do edifício Madison Brown, muito entusiasmada. Era o primeiro dia no seu novo emprego e estava ansiosa por começar.

Tinha demorado um mês a conseguir aquele emprego. Um mês em que tinha examinado as diferentes ofertas de emprego e se contivera até encontrar o lugar perfeito. Mesmo a tempo, porque ficar entre as quatro paredes do seu apartamento tinha começado a parecer-lhe uma espécie de tortura. Estar sozinha todos os dias dera-lhe demasiado tempo para pensar em Alexi, para sentir a falta dele, algo que se recusava a fazer.

Só pensar no seu nome provocava-lhe uma dor forte no peito. Tentou contê-la. Era ridículo. Sabia perfeitamente o que é que ele podia oferecer-lhe e tinha feito o que devia ao sair da Naval Demetri, acabando assim com Alexi.

– Olá! – cumprimentou a recepcionista. – O meu nome é Katie Connor e sou a nova directora de projecto.

– Ah, sim, menina Connor. Suba até ao último andar. O novo director executivo quer falar consigo antes que comece.

Katie dirigiu-se para os elevadores e tentou controlar os nervos do primeiro dia. Correria tudo bem. Praticamente, tinham criado aquele cargo para ela. A agência de emprego dissera-lhe que fora a única pessoa que tinham entrevistado. O homem que tinha telefonado para lhe oferecer o emprego dissera-lhe que os entrevistadores tinham ficado muito impressionados com a sua experiência. Evidentemente, o facto de ter levado a cabo com sucesso um projecto tão importante na Naval Demetri estava a dar os seus frutos. Além disso, tinham-na informado de que, quando ela começasse no seu cargo, a Madison Brown seria uma empresa associada a um conglomerado enorme chamado Tellesta.

Como é claro, Katie fizera o seu trabalho de casa. Sabia que a Tellesta era uma empresa muito grande, quase tanto como a Naval Demetri. Lá, poderia ter muita margem para poder desenvolver as suas capacidades de organização. Além disso, teria oportunidade de viajar até aos escritórios que a empresa tinha em Paris e em Nova Iorque. Aguardava com impaciência os desafios que a esperavam no futuro.

As portas do elevador abriram-se no último andar. Dirigiu-se ao balcão de recepção, onde uma jovem estava a ligar o computador e a organizar o correio.

– Olá, o meu nome é Katie Connor. Sou…

– A nova directora de projecto – replicou a recepcionista, acabando a frase por ela. – Eu chamo-me Claire – acrescentou, com um sorriso. – Indicaram-me que lhe mostrasse o seu escritório.

Enquanto seguia Claire, Katie olhou com interesse à sua volta. Os escritórios modernos tinham uma vista espectacular de Londres. A sala de reuniões era muito grande, com o equipamento mais moderno.

– Este lugar é fantástico – murmurou, parando brevemente à porta.

– Acabaram de instalar tudo – informou-a Claire, com orgulho. – A empresa que absorveu a Madison Brown não tem nenhum reparo na hora de gastar dinheiro. Inclusive, há um heliporto lá em cima, para que os peixes graúdos possam ir e vir do aeroporto sem perderem tempo.

– Impressionante!

– É, não é? – perguntou Claire, enquanto abria a porta que havia no fim do corredor. – Este é o seu escritório.

Katie não conseguia acreditar na sua sorte. Tratava-se de um escritório enorme, com uma vista maravilhosa sobre Canary Wharf. Custou-lhe a desviar a vista da janela e a concentrar-se na secretária e na pilha enorme de pastas que tinha em cima.

– Ordenaram-me que lhe recolhesse o material de investigação e que a informasse de que tem uma reunião na sala de reuniões às dez horas.

– Muito bem – disse Katie. – Achava que o director executivo queria falar comigo em primeiro lugar.

– Assim era, mas teve de partir para outra das suas empresas. Disse que se reuniria consigo na sala de reuniões. Oh, e disse que veja as quantias do orçamento de antes do Natal e que prepare um relatório preliminar sobre como acha que poderão ser melhoradas.

– E quer que prepare o relatório até às dez horas? – perguntou Katie. Os nervos apoderaram-se dela.

– Receio que sim. É um homem com muita pressa.

– A quem o diz!

Quando Claire partiu, Katie tirou o casaco do fato e pendurou-o no bengaleiro. Aquilo era precisamente o que queria. Um trabalho que lhe apresentasse desafios constantes e que a impedisse de pensar no passado. O seu último trabalho fora muito emocionante e tornara-se praticamente viciante… Ou teria sido a excitação de estar com Alexi?

Decidiu rapidamente não continuar a pensar naquilo. Alexi fora um erro na sua vida. Folheou os documentos com um gesto de raiva e tentou concentrar-se. No entanto, durante alguns segundos, só conseguiu pensar em Alexi. Em como a beijava, em como a acariciava, em como a possuía…

Fechou os olhos e respirou fundo. Então, recordou a si mesma como se sentira assustada quando pensara que estava grávida. Felizmente, o teste de gravidez dera negativo, porque Alexi não queria compromissos. Os seus negócios eram a sua principal e única prioridade.

Tinha olhado para ela quase friamente quando lhe dissera que não ia continuar na sua empresa.

– Trata-se de uma decisão que se baseia nos sentimentos ou no trabalho? – tinha-lhe perguntado.

– Importa?

– Sim, porque, se as tuas razões forem sentimentais, significa que não estás a pensar como deve ser.

Aquele raciocínio fora tão próprio dele que ela começara a rir-se.

– Então, isso significa que a única razão de peso é a profissional.

– Basicamente, sim. Tínhamos um acordo, não tínhamos? Tínhamos andado a divertirmo-nos um pouco juntos, mas acordámos que não teria repercussão alguma no campo profissional.

– E não teve – tinha replicado ela, levantando o queixo num gesto desafiante. – Não quero o emprego que me ofereceste porque chegou a hora de progredir na minha trajectória profissional. O nosso acordo chegou ao fim. Eu quero um desafio novo – tinha acrescentado, com tanta tranquilidade como ele, embora, na verdade, estivesse a sofrer por dentro.

E assim continuava a ser. No fundo do seu ser, uma parte dela esperara que lhe mostrasse um pingo de sentimento, uma faísca de ternura. Não fora assim. Simplesmente, dissera-lhe que deixaria a oferta de emprego de pé durante algum tempo, caso ela mudasse de ideias. Então, tinha-lhe desejado sorte para o futuro e tinha dado a conversa por acabada.

Não tinha estado presente no dia em que ela partira da empresa. Estava numa viagem de negócios nos Estados Unidos. Se lhe tivesse importado, não teria partido justamente naquele momento. Não teria posto, como sempre, os negócios em primeiro lugar.

Observou os papéis que tinha sobre a sua secretária. Porque estava a perder tempo a pensar em Alexi, quando tinha de fazer um relatório muito importante para o seu novo chefe? A sua relação com Alexi tinha acabado e tinha de ser realista a esse respeito. Era claro que ele não tinha albergado sentimento algum por ela. Sempre tinha sabido disso. Tinham-se divertido um pouco, como ele dissera tão friamente. Não tinha havido amor, só sexo.

Katie tentou concentrar-se nos papéis. Era uma mulher de vinte e quatro anos, com uma licenciatura em Economia, não uma adolescente apaixonada. Tinha cometido um erro. Tinha pensado que conseguia ter uma relação sexual sem que os seus sentimentos interviessem. Não correra bem. Precisava de o superar. O passado tinha ficado para trás.

Rodeou com um círculo algumas quantias que lhe pareceram pouco usuais e começou a tomar notas. Às nove e quarenta e cinco, tinha redigido um relatório preliminar. Não era perfeito, mas era o melhor que conseguia fazer dadas as restrições de tempo. Além disso, tinha alguns pontos de interesse dos quais poderia falar durante a reunião.

Alguns minutos antes das dez horas, levantou-se da sua secretária e dirigiu-se para a máquina de água. Ali, verificou o seu aspecto num espelho que havia junto da mesma. Maquilhara-se mais do que de costume para esconder o facto de não andar a dormir bem. Os seus olhos azuis ficavam muito atraentes com o excesso de maquilhagem e o batom, mais brilhante do que de costume, contrastava bem com o seu cabelo escuro. No entanto, não era verdadeiramente ela. Costumava inclinar-se mais para um aspecto natural.

«Não te contrataram pelo teu estilo. Só lhes interessa o teu cérebro», recordou a si mesma.

Regressou rapidamente ao seu escritório e parou de repente. Durante um instante, pensou que se enganara porque havia alguém sentado à sua secretária. Não conseguia ver de quem se tratava, porque estava a olhar pela janela. Só conseguia vislumbrar umas pernas compridas que se estendiam para um lado e uma mão que segurava um telemóvel. Pareceu-lhe que aquele desconhecido era um pouco descarado ao acomodar-se assim no seu escritório. Além disso, deu-se conta de que o homem estava a ler as suas notas. Tinha os seus papéis na outra mão.

– Desculpe – disse, – posso ajudá-lo em alguma coisa?

– Vou ter de desligar, Ryan. Tenho de atender a minha nova empregada – disse uma voz quente e com um suave sotaque mediterrânico que Katie reconheceu em seguida.

Justamente naquele instante, a cadeira virou-se e ela encontrou-se cara a cara com o homem que tinha virado a sua vida de pernas para o ar: Alexander Demetri. Sentiu um nó no estômago.

Durante um momento, perguntou-se se estaria a imaginá-lo. Susteve a respiração e pensou que talvez fosse uma ilusão óptica, uma vez que tinha pensado muito nele ao longo das últimas semanas. Então, ele desligou o telefone, virou-se para a frente e olhou para ela.

– Olá, Katie!

Era impossível confundir aquele tom de voz duro, irónico, ou o brilho dos seus olhos escuros. Não se tratava de um sonho… mas de um pesadelo.

Capítulo 2

 

– O que raios estás a fazer aqui? – perguntou ela, com incredulidade.

– Bom, neste momento, parece que te contratei para que faças um trabalho que, originalmente, me disseste que não querias. Que estranho, não é?

A sua voz soava tão tranquila… Pelo contrário, Katie distava muito de estar calma. Uma miríade de sentimentos amontoava-se dentro dela sem que conseguisse concentrar-se em nenhum deles.

– Não compreendo – murmurou. – O trabalho que me ofereceste era na Naval Demetri, não era?

– A Naval Demetri é proprietária da Tellesta e da Madison Brown – informou-a ele. – Adquiri-as há seis semanas.

Enquanto falava, Alexi examinou-a da cabeça aos pés. Tinha bom aspecto. Todos os detalhes do seu aspecto eram muito profissionais, da camisa branca à saia preta que usava. No entanto, a sua sensualidade era evidente. O cinto largo enfatizava-lhe a cintura estreita, o batom vermelho… Katie sempre lhe parecera muito sensual.

Consciente do escrutínio a que ele estava a submetê-la, Katie ficou tensa. Perguntou-se no que estaria a pensar. Alegrar-se-ia por a ver? Imediatamente, recriminou-se por pensar assim. Ela era apenas mais uma da sua longa lista de conquistas.

– Então, significa que já tinhas comprado esta empresa quando…? Quando trabalhava para ti? – perguntou, corrigindo a sua intenção original. Nunca tinham sido um casal no verdadeiro sentido da palavra.

– Sim.

– Não sabia… Quer dizer, quando me candidatei, não sabia que trabalharia para ti.

– Já me dei conta.

Katie sentiu-se muito irritada com o tom arrogante da sua voz, mas mais ainda com o facto de haver uma parte dela que se alegrava por o ver. Era o lado fraco da sua natureza, porque tinha acabado com Alexander Demetri há algumas semanas. Acabara com ele de uma vez por todas.

Tinha de admitir que ainda o considerava atraente, mas teria de estar morta para que não fosse assim. Todas as mulheres se sentiam atraídas por ele. Tentou não olhar detalhadamente para ele, não reparar nele. Se o fizesse, recordaria os momentos de paixão que tinham partilhado e isso seria a sua perdição.

– Sabias que era eu? – perguntou-lhe. – Sabias que fora eu a conseguir este trabalho?

– É claro! – exclamou ele. Parecia divertido com a pergunta. – Puseram-me o teu nome sobre a minha secretária há quase uma semana.

– Nesse caso, o que vamos fazer sobre isto, Alexi? Eu não posso voltar a trabalhar para ti.