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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

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28001 Madrid

 

© 2007 Helen Brooks

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Da traição ao amor, n.º 1191 - dezembro 2017

Título original: His Christmas Bride

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-606-9

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Como era possível que a divisão estivesse assim quando só se ausentara por um momento?

Blossom White olhou para a cena que tinha diante de si e tentou fazer-se ouvir por cima dos gritos dos seus sobrinhos. Eram apenas quatro meninos, contudo, pareciam dez porque estavam a fazer muito barulho.

– Harry e Simone, parem imediatamente de atirar bolo a Rebecca e a Ella!

Os gémeos ignoraram-na e continuaram a atirar bolo de chocolate às meninas de dois anos. As meninas gritavam, no entanto, parecia que o faziam de divertimento e não de aborrecimento.

Blossom espreitou à porta e acertou-lhe um pedaço de bolo de chocolate na testa. Esquecendo que prometera a si mesma que, enquanto a mãe dos meninos, a sua irmã, estivesse no hospital ia ter paciência com os seus sobrinhos, Blossom atravessou a divisão e agarrou nos mais velhos pelo braço com força.

– Não me ouviram? Eu disse que já chega. Estão de castigo sem ver televisão e vão dormir imediatamente depois do banho.

– Queremos ver o nosso programa favorito – disse Harry inocentemente.

Era verdade que aquele menino tinha cara de anjo, contudo, comportava-se como um demónio.

– Não, Harry. Não vais voltar a ver televisão enquanto não aprenderes a obedecer-me.

– A mamã deixa-nos sempre ver televisão.

A sua irmã nunca desesperava?

– Eu não sou a tua mãe e, para além disso, aqui mando eu e não tu, entendes?

Evidentemente, o seu sobrinho estava surpreendido com aquele novo aspecto da sua tia que não conhecia e respondeu, começando a chorar. As três meninas não demoraram para começar a chorar também.

«Não sei como Melissa consegue aguentar quatro gémeos de menos de cinco anos», pensou Blossom.

Só estava com eles há um dia e estava exausta. Enquanto olhava para os pedaços de bolo que tinham ficado colados às paredes brancas e para a mesa cheia de sumo de laranja que estava a cair sobre o chão de madeira, Blossom contemplou a ideia de começar a chorar também.

– Acabaram-se os choros – declarou com firmeza. – Vamos arrumar tudo isto juntos. Harry e Simone, quem limpa mais depressa?

– Eu, eu – respondeu Harry, deixando de chorar como que por magia.

Blossom mandou o menino procurar a esfregona e um pano do pó. As mais pequenas também tinham deixado de chorar e estavam a chupar os dedos para tirar o chocolate, rindo-se, enquanto caíam pedaços de bolo da roupa e do cabelo.

Blossom pegou-lhes ao colo, levou-as para a sala e deixou-as no parque até que pudesse ocupar-se delas. Nunca gostara dos parques, contudo, agora pareciam-lhe uma ideia maravilhosa. Podia parecer que era como colocar um menino numa jaula, porém, também era uma ajuda enorme para mães que não aguentavam tudo ao mesmo tempo.

Quando voltou para a sala de jantar, encontrou Harry e a Simone a limpar tudo. Demoraram algum tempo. No final, quando tudo ficou limpo, os quatro meninos tomaram banho, ouviram uma história e adormeceram, momento que Blossom aproveitou para descer as escadas para beber uma chávena de café.

De repente, depois de tanta confusão, quanto tinha uma oportunidade para se sentar e pensar, pensou que quase preferia que os meninos estivessem acordados.

Quase.

Desde que Greg, o seu cunhado, lhe telefonara naquela manhã para lhe dizer, muito nervoso, que tinham levado Melissa para o hospital porque lhe doía muito a barriga, não conseguira deixar de pensar na sua irmã.

Agora que tudo estava tranquilo e sereno, começou a ficar preocupada com Melissa.

Quando chegara naquela manhã, ao bairro de Sevenoaks, situado nos subúrbios da cidade, encontrara o seu cunhado completamente desesperado.

– Ontem à noite sentia-se bem – dissera, desesperado, com Rebecca e Ella nos braços e Harry e Simone atrás dele. – Acordou às três da manhã e disse-me que se sentia mal e, meia hora depois, começou a doer-lhe muito a barriga. Pouco depois, não conseguia manter-se de pé nem conseguia mexer-se por causa das dores. O médico diz que talvez seja apendicite. Pelos vistos, acontece assim, sem qualquer aviso.

– Bom, já estou aqui e posso ficar o tempo todo que for preciso, portanto vai para o hospital e concentra-te em Melissa – dissera Blossom.

O seu cunhado aceitara a sua sugestão à letra e nem sequer lhe telefonara para lhe dizer como estava Melissa, portanto Blossom marcou o número de telefone do hospital e conseguiu falar com a irmã Pearson, uma freira que lhe informou muito amavelmente que a sua irmã estava na sala de cirurgia naquele momento.

– O doutor Robinson, o médico que está a tratá-la, acha que é uma apendicite aguda e que há risco de ruptura do apêndice, portanto decidiu que era melhor operá-la – informou, fazendo uma pausa. – Receio que o seu cunhado esteja um pouco tenso. Se quiser, posso dizer-lhe que lhe telefone mais tarde, quando a sua irmã sair da sala de cirurgia e puder dar-lhe alguma notícia.

– Está bem, muito obrigada – respondeu Blossom, desligando o telefone.

Blossom imaginou que Greg devia estar muito preocupado. O seu cunhado era um físico brilhante que trabalhava numa das melhores empresas de electrónica de Londres, no entanto, era um homem que não valia para nada na vida quotidiana. O seu cérebro não estava programado para o mundo real por muito brilhante que fosse. No entanto, desde que se tinham conhecido na universidade, a sua irmã e ele tinham-se tornado inseparáveis, e Greg confiava em Melissa para tudo. Nem sequer devia saber que dia era se ela não lhe dissesse, portanto era fácil entender porque Melissa era absolutamente tudo para ele.

Oh, Melissa, Melissa.

Blossom pegou na chávena de café. Tinha de ficar bem. Não queria pensar noutra hipótese. Eram irmãs gémeas e Melissa e ela eram muito unidas, apesar da sua irmã se ter casado aos vinte e dois anos e ter ido viver para ali e Blossom ter preferido ficar a trabalhar em Londres, onde conseguira ter sucesso como fotógrafa de moda depois de anos de sangue, suor e lágrimas.

Blossom levantou a cabeça e olhou à sua volta com os olhos cheios de lágrimas. Não seria justo que acontecesse alguma coisa a Melissa depois de ter conseguido ter a família que sempre desejara.

Desde o começo, desde a lua-de-mel, o seu marido e ela tinham tentado ter filhos, no entanto, a sua irmã tivera aborto atrás de aborto. Tinham gastado uma fortuna nos melhores médicos, tanto no país como no estrangeiro, contudo, os anos tinham ido passando e, no final, tinham aceitado que não iam ter filhos.

No entanto, quando acabavam de celebrar o seu sétimo aniversário de casamento, Melissa soubera que estava grávida de gémeos e, vinte meses, depois tinham chegado Rebecca e Ella.

Apesar de terem tido pouco tempo de intervalo, Melissa estava muito feliz.

Blossom disse para si que não devia dar rédea solta às lágrimas, levantou-se e foi à cozinha para preparar uma sandes, pois não comera nada em todo o dia. Embora tivesse um nó no estômago, sentia-se um pouco enjoada e decidiu que era melhor comer alguma coisa. Sobretudo, caso um dos meninos acordasse e precisasse dela.

Especialmente se fosse Harry.

Blossom estendeu o braço e tirou o pão feito em casa, que não sabia como Melissa fazia todos os dias, pois queria dar o melhor aos seus filhos.

Acabava de o deixar sobre a mesa quando tocaram à campainha várias vezes seguidas.

Enquanto praguejava, Blossom apressou-se a correr para a porta para que não acordasse Harry, que era o que tinha o sono mais leve de todos.

– Olá!

Era um homem alto, magro e moreno e tinha os olhos muito azuis.

De repente, Blossom apercebeu-se de que levava as calças de ganga mais velhas que tinha e que a sua t-shirt branca estava cheia de restos de comida dos meninos. Para cúmulo, não se maquilhara naquela manhã e limitara-se a apanhar o cabelo num rabo-de-cavalo.

– Olá! – conseguiu responder. – Em que posso ajudá-lo?

– Sou Zak Hamilton – apresentou-se o desconhecido, estendendo-lhe a mão. – Greg trabalha para mim – disse ao ver que Blossom não reconhecia o seu nome.

Blossom ficou pensativa. Zak Hamilton. Claro. O dono da Hamilton Electronics. Então, recordou que a sua irmã lhe dissera que aquele homem herdara a empresa do seu pai seis anos antes, quando o seu progenitor morrera inesperadamente e que, naquela época, se transformara numa das empresas de maior sucesso do país.

Segundo Melissa, Zak Hamilton transformava tudo o que tocava em ouro, como o rei Midas, porque era incrivelmente inteligente e não tinha medo de arriscar de vez em quando.

Poucos meses depois de ter herdado a empresa, procurara Greg e fizera-lhe uma oferta que o seu cunhado não pudera rejeitar. Blossom teve a sensação de que, embora a sua irmã não lho tivesse dito abertamente, não gostava muito do chefe de Greg, que, no entanto, o adorava e falava muito bem dele.

– Sou a irmã de Melissa, a cunhada de Greg – disse Blossom, sentindo-se um pouco idiota pois era evidente que, se era a irmã da esposa de Greg, era a sua cunhada.

– Olá, cunhada de Greg – respondeu ele num tom divertido. – Tem nome?

Bolas! Blossom não gostava de ter de dizer o seu nome e, muito menos, aos homens.

– O meu nome é Blossom White – respondeu, esperando que aqueles olhos azuis registassem surpresa e diversão, porém, não foi assim. – Melissa e eu somos irmãs gémeas – explicou. – Eu sei que não somos parecidas. A minha mãe achou que era giro chamar à sua filha mais velha, que é a minha irmã, Melissa, que significa «abelha», e à pequena, Blossom, que significa «flor». As abelhas vão às flores… Suponho que pensaria que, assim, a mais velha cuidaria da mais nova – disse, perguntando-se quantas vezes teria contado aquilo.

– E funcionou? – perguntou Zak, aparentemente interessado.

– A verdade é que não.

Muito pelo contrário. Melissa sempre fora a tímida e a introvertida, enquanto Blossom não hesitava em meter-se em qualquer confusão. Bom, até ao que acontecera com Dean. Depois disso, mudara muito. Sobretudo, na sua vida pessoal. Na área profissional, tinha de se mostrar tão confiante e segura de si mesma como sempre.

Blossom apercebeu-se de que Zak a observava e disse para si que, provavelmente, estaria a pensar que estava com um aspecto horrível, ao contrário da sua irmã, que estava sempre impecável apesar dos meninos.

– Veio ver como vão as coisas?

Outra pergunta absurda dadas as circunstâncias.

Zak assentiu.

– Greg disse que me telefonava, mas não o fez.

– Eu também não posso dizer-lhe muito. Só sei que está a ser operada neste momento e estou à espera que o meu cunhado me telefone para me dizer como correram as coisas.

– Está a ser operada?

Parecia preocupado, realmente preocupado, e, para seu horror, Blossom sentiu vontade de chorar.

– Os médicos… Os médicos acham que o apêndice pode ter rebentado ou algo do género.

«Não chores. Sobretudo, não chores».

– Lamento. Não sabia que era assim tão grave – disse Zak com um sotaque que Blossom não foi capaz de reconhecer. – Posso fazer alguma coisa para ajudar?

Blossom respirou fundo e apercebeu-se de que fora terrivelmente mal-educada ao não o convidar para entrar. Aquilo não era próprio dela. É claro que não se sentia ela mesma com a sua irmã às portas da morte.

– Não, está tudo controlado – mentiu educadamente. – Apetece-lhe entrar para beber um café ou alguma coisa?

– Obrigado.

Ele não hesitara, o que deixara Blossom um pouco surpreendida. Já devia ter-se apercebido, pelo seu aspecto, de que tivera um dia horrível e ter adivinhado que a única coisa que quereria fazer era tomar um bom banho de espuma. Claro que, se calhar, pensava que andava sempre assim vestida.

– Peço desculpa pelo meu aspecto – disse, um pouco tensa, recordando, de repente, que não lhe dera tempo de limpar o parque onde metera Rebecca e Ella. – Os meninos fizeram uma guerra de bolo de chocolate – acrescentou, assinalando o parque. – Nota-se, não é?

Zak assentiu, pensativo.

– Estava a perguntar-me o que tinha na testa.

Blossom obrigou-se a sorrir, embora não tivesse achado muita graça ao seu comentário, no entanto, disse para si que era o chefe do seu cunhado.

– Não estou habituada a cuidar de quatro crianças e Harry dá muito trabalho – respondeu, um pouco zangada.

Zak voltou a assentir.

Ter aquele aspecto enquanto ele parecia tirado de uma revista de moda masculina fez com que Blossom se zangasse ainda mais.

– Vou preparar o café – anunciou, saindo da sala com toda a dignidade que pôde.

Uma vez no corredor, fechou a porta da sala e foi à casa de banho que havia debaixo das escadas. Ao ver-se ao espelho, gemeu.

Que horror!

Levava o cabelo completamente despenteado, tinha a cara brilhante, tinha restos de bolo de chocolate e até alguns folhas enredadas no cabelo de quando tinham ido brincar no jardim naquela tarde.

– Incrível – murmurou.

No entanto, encolheu os ombros e perguntou-se o que importava. O que importava o seu aspecto quando Melissa estava doente? Não queria saber do que Zak Hamilton pensava. Podia beber o café e ir-se embora o mais depressa possível.

No entanto, lavou a cara e as mãos e escovou o cabelo, que apanhou num rabo-de-cavalo.

Depois, foi para a cozinha. Uma vez ali, decidiu servir café instantâneo, portanto procurou o frasco que comprara dois meses antes, quando fora passar um fim-de-semana a cuidar dos seus sobrinhos para que Melissa e Greg fossem a Paris celebrar o seu aniversário de casamento.

Estivera tão atarefada com os quatro meninos que nem se lembrara de fazer café e comprovou que o frasco continuava no armário. Evidentemente, Melissa não o utilizara. A sua irmã preferia tudo original. «Instantâneo» não fazia parte do seu vocabulário, enquanto era a palavra que ela mais utilizava.

Acabava de pôr uma generosa quantidade em duas chávenas de porcelana quando o telefone tocou.

– Sim?

– Blossom? Sou eu, Greg. Melissa acaba de sair da sala de cirurgia e o médico está muito satisfeito. O apêndice não tinha rebentado, mas estava quase, portanto ainda bem que foi operada. O problema é que disseram que tem de ficar uns dias internada por causa de um problema no sangue.

– Oh, Greg – respondeu Blossom, sentando-se num dos bancos da cozinha. – Falaste com ela? Como se sente?

– Ainda está a dormir. Segundo o que as enfermeiras disseram, só vai acordar amanhã. Eu gostaria de ficar com ela se não te importares. Como correu com os meninos?

Parecia assustado e perdido e Blossom sentiu um aperto no coração.

– Fica no hospital o tempo todo que quiseres, não há problema – garantiu. – Os meninos estão bem, estão a dormir. Já comeste?