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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

© 2010 Rachel Robinson. Todos os direitos reservados.

CASA-TE COMIGO, N.º 1045 - Janeiro 2012

Título original: At the Billionaire’s Beck and Call?

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em portugués em 2012

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

® ™. Harlequin, logotipo Harlequin e Desejo são marcas registadas por Harlequin Books S.A.

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I.S.B.N.: 978-84-9010-636-6

Editor responsável: Luis Pugni

ePub: Publidisa

Capítulo Um

Estava a olhar para ela outra vez. O seu chefe, Ryder Bramson.

Macy desviou o olhar para se concentrar de novo na reunião, mas os seus olhos voltaram a encontrar-se, como se fossem atraídos por uma força magnética, em direção ao homem de sobrancelha franzida e fato Armani. Tinha ouvido falar muitas vezes de Ryder Bramson, quem não tinha ouvido falar dele? Mas aquela era a primeira vez que o via em carne e osso, no dia em que ele e a sua equipa tinham viajado até Melbourne vindos dos Estados Unidos para comprovar os progressos que se estavam a fazer naquele projeto especial.

Com o seu metro e noventa, o cabelo castanho bem cortado, e aqueles traços duros, Macy tinha a certeza que Ryder Bramson se destacava onde quer que fosse, mas aquilo dificilmente podia explicar o inesperado e vibrante desejo que a tinha invadido mal o tinha visto. Nem o modo como a sua respiração se tinha alterado sempre que os seus olhos se tinham encontrado durante as apresentações.

Naquele preciso momento estava a observá-la de um modo arrogante. Dizer que a sua atitude era desconcertante seria dizer pouco.

E não era por não ter ficado a olhar para ela antes; aquela tinha sido uma das poucas constantes na sua vida. Antes de fugir para a Austrália aos dezoito anos, tinha vivido numa redoma dourada, rodeada de luxos e riqueza, e sendo o centro de todos os olhares. Sendo como era a mais velha das duas filhas de um importante empresário e de uma atriz de Hollywood, tinha sempre suscitado a curiosidade das pessoas e dos meios de comunicação.

Mas o modo como aquele homem olhava para ela era diferente, mais intenso, mais penetrante, como se pudesse ver através da armadura que ela tinha forjado para si mesma ao longo dos anos para se proteger.

Macy estremeceu por dentro e voltou a centrar-se nas estatísticas que tinha à sua frente.

O seu contabilista terminou nesse momento a exposição que estava a fazer, e apesar dos seus dispersos pensamentos Macy tomou a palavra.

– Neste relatório poderão ver os números que detêm os potenciais concorrentes da Chocolate Diva.

Passou umas pastas ao seu assistente, que se levantou e foi distribuí-las entre as pessoas sentadas à volta da mesa.

Ryder agarrou na dele e, sem a abrir passou-a diretamente à sua secretária.

– Exponha-nos o conteúdo das pastas por palavras suas – disse com aquele vozeirão profundo e autoritário.

Macy não se deixou intimidar e começou a explicar os dados que tinham reunido.

– O mercado australiano está saturado de produtos relacionados com a indústria do chocolate, por isso teremos de procurar o nosso lugar se nos queremos destacar. Tendo em conta o estudo que levámos a cabo e as nossas previsões, a nossa recomendação seria começar por três dos produtos que já temos, adaptando-os ao consumidor australiano mediante a venda aos retalhistas, e abrir duas lojas com a nossa marca, uma no centro de Sydney, e outra no centro de Melbourne.

Durante as duas semanas anteriores à chegada de Ryder Bramson e do seu séquito tinha-se entregado de corpo e alma àquele projeto, até ao ponto de saber os números de cabeça. Ela e os seus colaboradores tinham trabalhado a pleno rendimento, fazendo muitas horas de trabalho para que tudo corresse bem, mas Bramson não parecia impressionado.

As suas marcadas feições permaneceram impassíveis enquanto ela falava, atravessando-a com aquele olhar fixo e penetrante.

O seu ritmo cardíaco tinha-se acelerado um pouco, mas manteve uma expressão neutra, como a dele, e continuou com a sua explicação, passando às análises dos lucros e perdas que previam. Apostaria o que fosse preciso no facto de o seu olhar intimidante ser uma das razões do seu êxito nos negócios.

Ela, no entanto, não estava disposta a deixá-lo perceber o efeito que aquele olhar tinha nela. Tinha crescido rodeada de homens frios e poderosos, começando pelo seu pai, que se tinha distanciado dela quando Macy tinha apenas treze anos e a sua mãe acabava de morrer. Compreendia que lhe recordasse demasiado a sua mãe pelas parecenças que tinha com ela, mas ter a consciência daquilo não tinha mitigado minimamente a dor que lhe tinha causado o seu distanciamento. Sobretudo porque desde então todo o seu afeto tinha sido para a sua irmã, cuja personalidade e aspeto não lhe recordavam tanto a sua defunta esposa.

Macy ergueu os ombros. Tinha superado aquilo.Aquela experiência tinha-a mudado, tinha-a feito ser quem era: uma mulher forte e independente. Podia lidar com o senhor Bramson e o seu olhar inquisidor.

Premiu um botão do teclado do seu portátil para abrir um gráfico que mostrava mais claramente o que queria explicar. O gráfico apareceu também nos ecrãs integrados nas mesas, em frente a cada uma das sete pessoas sentadas à sua volta. Seis das pessoas desceram a vista, mas Bramson não afastou os olhos dela, e Macy sentiu como os nervos afloravam dentro de si.

Não ia deixar que a distraíssem as reações do seu corpo. Não ia deixar escapar a oportunidade de se tornar na primeira diretora geral da filial australiana da Chocolate Diva. Olhou para ele, e perguntou-lhe:

– Há algum problema com o seu ecrã, senhor Bramson?

Ele franziu uma sobrancelha; a primeira expressão facial que lhe tinha visto desde a sua chegada ao edifício, há trinta e cinco minutos.

– Não atravessei o Pacífico para ver gráficos e relatórios que poderia ter estudado confortavelmente no meu escritório, senhora Ashley.

Macy ignorou os nervos que sentiu no estômago e concordou. Carregou num interruptor na mesa, e todos os ecrãs se apagaram. Estava na altura de fazer uma mudança de sentido na apresentação. Se havia algo de que não podiam acusá-la, era de falta de flexibilidade.

Quando lhe tinha feito uma proposta para que trabalhasse para ele, Ryder Bramson tinha-lhe feito uma promessa. Durante a entrevista que tinham mantido ao telefone, tinha-lhe dito que, se aquele projeto de dois meses corresse bem, pô-la-ia à frente da filial da Chocolate Diva que tinha intenção de estabelecer na Austrália. Era exatamente o tipo de cargo que ela queria, o tipo de cargo pelo qual tinha lutado desde o dia em que tinha obtido a sua licenciatura em Ciências Empresariais, e com a nota mais alta do seu ano. Um grande passo em direção à sua meta de dirigir uma companhia do tamanho da do seu pai.

Portanto, se o seu chefe não queria ler relatórios, por ela não havia nenhum problema.

– Preparámos umas amostras de possíveis variações dos nossos produtos para que a sua equipa as prove – olhou-o nos olhos, negando-se a pestanejar ou a mostrar o menor sinal de intimidação. – Se quiser, podemos deixá-las aqui para que os seus empregados e o senhor possam aproveitar a tarde para se recuperarem do jet lag, e amanhã cedo recomeçaríamos a reunião com a prova dos produtos.

Bramson voltou a arquear uma sobrancelha, como se se sentisse ofendido por ela ter sugerido que ele necessitava de tempo para se recuperar de uma viagem de avião. Macy ficou à espera de uma resposta. Era a vez dele de atuar.

Finalmente Bramson respondeu.

– Se as amostras estiverem preparadas, eu mesmo encarrego-me de as provar – depois, virando-se para os seus empregados disse: – Podem ir descansar para o hotel, mas amanhã quero toda a gente aqui às nove em ponto.

Os homens e mulheres da sua equipa, todos vestidos de fato, recolheram os papéis e pastas e começaram a abandonar a sala. Bramson levantou-se e, levantando a voz para se fazer ouvir, disse a Macy:

– Senhora Ashley, tenho de fazer uma chamada. Volto dentro de dez minutos.

Macy começou a arrumar as pastas, e um membro da equipa de Bramson, um tipo magro e de cabelo grisalho chamado Shaun, disse-lhe em surdina ao passar a seu lado:

– Não te deixes desalentar; é a sua forma de ser. É um bom chefe, mas chamamos-lhe «a Máquina». Imagino que percebas porquê.

Dez minutos depois Macy já estava de novo na sala de reuniões a olhar à sua volta para se assegurar que não faltava nada. Tina, a sua ajudante, e ela tinham reunido uma série de ingredientes no dia anterior para que a equipa de Ryder Bramson fizesse uma ideia aproximada de como é que se poderiam adaptar os produtos da Chocolate Diva ao mercado australiano.

Tina entrou nesse momento com uma taça com pedaços de fruta e pô-la na mesa.

– Como queres que façamos?

Macy tinha pensado numa prova de grupo, mas não deveria ser um problema adaptá-la para apenas uma pessoa. Embora estivesse bem onde estava, empurrou uma tigela de líchias um centímetro para a esquerda.

– Enquanto tu preparas as amostras e as vais dando ao senhor Bramson, eu irei explicando por que é que escolhemos estes ingredientes.

– Certo.

Tina pôs a funcionar uma fonte de chocolate que tinham enchido com chocolate negro importado da sua própria marca.

Macy viu algo a mover-se pelo canto do olho, e ao voltar-se viu Ryder Bramson no umbral da porta. Tinha tirado o casaco e a gravata, e tinha arregaçado as mangas. A pele bronzeada dos seus fortes antebraços estava coberta por pelo escuro, e tinha umas mãos grandes com longos dedos. A mente de Macy viu-se de repente assaltada por uma imagem daquelas mãos a percorrerem a sua pele e daqueles braços a rodeá-la e atraindo-a para si. Levantou a vista em direção ao seu rosto, detendo-se primeiro no seu carnoso lábio inferior, e depois nos olhos, que estavam a observá-la.

Macy engoliu em seco e deu um passo atrás, pondo uma cadeira entre eles.

Tina levantou a cabeça em direção a Ryder Bramson e sorriu; uma reação profissional, não como a sua.

– Ah, senhor Bramson. Já estamos prontas para começar.

Ryder Bramson manteve os seus olhos fixos em Macy um instante mais antes de olhar para a sua ajudante.

– Tina, não é? Parece que você fez um trabalho estupendo, mas tenho a certeza de que tem muitas coisas para fazer, e de que a senhora Ashley poderá ocupar-se sozinha disto.

O coração de Macy palpitou com força. Olhou para Tina, e viu a pergunta nos seus olhos. Sabia que Tina estava a trabalhar imenso para reunir a informação dos retalhistas que pudessem estar interessados em vender a sua marca, e dado que Ryder era o único que ia fazer a degustação, o mais lógico era que se ocupasse ela sozinha. Claro que com a tensão sexual que havia entre o seu chefe e ela, e com o modo em que se derretia por dentro cada vez que ele olhava para ela, não tinha a certeza de poder fazê-lo nem de que…

Macy pôs um travão aos seus pensamentos. Nunca tinha deixado que nada a distraísse dos seus objetivos, e não ia começar a fazê-lo agora. Inspirou profundamente e sorriu para Tina.

– Está bem. Podes sair.

Quando Tina saiu, Ryder aproximou-se e esquadrinhou os alimentos que tinham posto na mesa antes de olhar para ela nos olhos.

– Onde é que quer que o façamos?

Macy ficou quieta, mas as duras feições de Ryder permaneceram impassíveis enquanto os seus olhos continuavam fixos nela. Não parecia que estivesse a namoriscar com ela, nem a tentar gozar com ela. Esboçou um sorriso educado e apontou para a cabeceira da mesa.

– Sentamo-nos aí.

Ryder sentou-se à cabeceira, e ela ocupou a cadeira do lado para poder ter ao alcance da mão todos os ingredientes.

– Entre os produtos que experimentámos com um grupo da cidade, as Barritas de Trufa deram muito bom resultado, e pensamos que podemos introduzi-las no mercado sem modificação alguma.

Com os cotovelos apoiados nos braços da cadeira, Ryder uniu as gemas dos dedos de ambas as mãos debaixo do seu queixo mas não disse nada.

– O segundo produto que introduzimos no nosso estudo são os Bocados Diva – continuou Macy. Os Bocados Diva consistiam num pedaço de fruta desidratada coberto com uma grossa capa de chocolate preto, e eram o segundo produto mais vendido da marca nos Estados Unidos depois das Barritas de Trufa. – Outros produtos teriam que ser adaptados um pouco, substituindo alguns ingredientes originais por outros autóctones. Por exemplo, na Austrália não há produção de cerejas nem de amoras, por isso estamos a considerar a possibilidade de substitui-las por frutas daqui.

Ryder apontou para as tigelas que estavam à sua frente.

– Como a manga.

Macy assentiu e espetou um pedaço de manga desidratada com um palito. Depois pô-lo debaixo do jorro da fonte de chocolate para o cobrir.

– Isto é manga desidratada da variedade Bowen. No norte há uma produção abundante durante o verão, e neste momento estamos já em contacto com os produtores.

Esperou que o chocolate solidificasse, e passou o palito a Ryder, mas já era demasiado tarde quando se apercebeu que mal havia espaço no palito para os dedos de ambos. O polegar e o indicador de Ryder rodearam os seus, e foi como se o tempo se detivesse por um instante. O seu corpo reagiu imediatamente ao contacto, e sentiu que uma vaga de calor a envolvia.

E pensar que tinha estado a fantasiar com as mãos de Ryder há apenas uns minutos! Felizmente estava sentada!

Por fim os dedos dele agarraram no palito e Macy soltou-o. Ryder levou o pedaço à boca, e Macy vislumbrou a sua língua um instante antes de o bocado de chocolate desaparecer e ele tirar o palito, deslizando-o entre os seus lábios fechados.

Ao aperceber-se de que se tinha ficado a olhar para ele descaradamente, Macy afastou a vista e começou a espetar outros pedaços de fruta com mais palitos, embora dessa vez tenha decidido que era melhor pô-los num prato.

Mantendo os olhos no que estava a fazer, perguntou-lhe:

– O que é que lhe parece?

Ryder continuava sem responder enquanto molhava vários pedaços de outros tipos de frutas desidratadas na fonte e os colocava no prato, por isso levantou a vista… e viu que ele estava a olhar para ela.

Ryder pigarreou.

– Delicioso.

Havia uma sensualidade inegável na sua voz, mas Macy esforçou-se por ignorá-la. Não podia perder aquela oportunidade de conseguir o cargo de diretora geral na nova filial australiana da Chocolate Diva.

Pôs o prato na mesa e empurrou-o para ele.

– Outras frutas que abundam aqui são o ananás, as líchias e os morangos.

Ryder provou os outros bocados que ela lhe tinha preparado e assentiu com a cabeça para indicar a sua aprovação.

– Muito bem. Mas na reunião disse que recomendava começar por introduzir três dos nossos produtos no mercado australiano. O primeiro e o segundo são as Barritas de Trufa e os Bocados. E o terceiro?

– Os bombons – respondeu Macy. – Os cinco recheios que temos deveriam ser adequados, mas faremos mais estudos de grupo.

Nesse momento tocaram à porta e entrou Tina.

– Como é que vai tudo? – perguntou a Macy. – Precisam de mim?

– Não, a senhora Ashley está a atender-me muito bem, obrigada – replicou Ryder olhando para Macy.

Esta voltou a sentir-se cheia de calor. Era como se a intensidade do seu olhar pudesse tocá-la, acariciá-la. Felizmente, a maior parte do tempo estavam a trabalhar em pontos opostos do globo. Custava-lhe manter a postura com Ryder Bramson por perto.

Pôs o cabelo para trás e baixou a vista para os ingredientes que Ryder já tinha provado.

– Bom, na verdade, a menos que queira voltar a provar estes ingredientes, não tenho muito mais para lhe mostrar.

Ryder pôs-se de pé.

– Muito bem, então deixemo-lo por hoje. Tina, encarregue-se de repetir a degustação amanhã com o Shaun e com o resto da minha equipa – disse. Voltou-se para Macy. – Senhora Ashley, queria falar um momento consigo a sós. No meu escritório.

Macy engoliu em seco e assentiu.

– Claro que sim.

Aquela era a sua oportunidade para impressioná-lo, a oportunidade de que tinha estado à espera. Claro que isso tinha sido antes de conhecê-lo em pessoa e de se aperceber de quão atraída se sentia por ele. Não se multiplicaria por mil o efeito que ele tinha sobre ela quando estivessem a sós no seu escritório?

Capítulo Dois

De costas para a mesa do seu escritório provisório, Ryder olhava pela janela para as embarcações que navegavam pelo rio Yarra.

Macy era perfeita. Tinha cruzado o globo para conhecê-la, e tinha-se encontrado com a cara de um anjo, o corpo de uma Vénus, e que era forte como o aço. Se queria casar-se com ela, era só para poder comprar a empresa do pai de Macy, mas tudo apontava que ia desfrutar daquele casamento.

Nesse momento ouviu a voz de Macy aproximando-se pelo corredor enquanto dava instruções sobre qualquer coisa a um membro da sua equipa, e afastou aqueles pensamentos da sua mente. Tudo a seu tempo. Não devia precipitar os acontecimentos.

Pouco depois Macy tocava à porta aberta do seu escritório. Ryder voltou-se. Macy olhou para ele expectante, com a sedosa cortina de cabelo castanho a cair-lhe sobre os ombros. As suas longas e torneadas pernas assomavam por baixo da saia do seu fato, mas Ryder fez um esforço para não olhar para elas.

Indicou-lhe com um gesto que entrasse.

– Queria ver-me, senhor Bramson?

– Acho que podemos deixar-nos de formalidades; chama-me Ryder – disse-lhe ele. – Sei que não é preciso que te diga que se decidirmos finalmente expandir as nossas vendas aqui para a Austrália depende das conclusões deste projeto, mas queria dizer-te que vocês estão a fazer um bom trabalho com este projeto.

– Obrigada.

Ryder não teria sabido dizer se o seu elogio lhe tinha agradado ou não. A expressão de Macy manteve-se neutra. Meteu as mãos nos bolsos.

– Tiveste algum problema com o projeto?

Ela encolheu um ombro.

– Nada que não se pudesse resolver.

Ryder esboçou um leve sorriso. Boa resposta. Tinha de admitir que, embora mal a conhecesse, já gostava mais de Macy do que de qualquer das mulheres com quem tinha andado. Desde o momento em que tinha decidido que ia casar com ela, há três semanas, mesmo depois da leitura do testamento do seu pai, tinha feito algumas averiguações sobre ela, e tinha descoberto algumas similitudes entre os dois. Ambos provinham de famílias de grande notoriedade, complicadas, e os dois se tinham afastado o máximo possível dos seus familiares e da publicidade que os rodeava.

No dia da leitura do testamento do seu pai, tinha tido a desagradável surpresa de que o seu pai tinha dividido as ações da companhia matriz, o Grupo Bramson, entre os seus filhos ilegítimos e ele.

O seu pai tinha começado com uma empresa no setor alimentário, mas depois também tinha entrado no setor hoteleiro, e Ryder tinha sempre pensado que os seus meio irmãos herdariam os Hotéis Bramson, e ele a Alimentação Bramson, a divisão à qual ele se tinha dedicado durante todos esses anos, ou que, sendo como era o único filho legítimo, herdaria tudo.

Mas em vez disso, após a repentina morte do seu pai, o que este tinha deixado disposto no seu testamento só tinha vindo complicar tudo. Nem os seus meio irmãos nem ele tinham suficientes ações da empresa matriz para a poderem controlar, e a junta diretiva tinha-se transformado num campo de batalha.

Até ao divórcio, a sua mãe tinha sofrido estoicamente a infidelidade do seu marido, e em troca ele tinha-a humilhado publicamente após a sua morte. Por isso Ryder estava decidido a conseguir a maioria das ações para poder controlar a junta diretiva e voltar a pôr as coisas no seu sítio.

No entanto, o fundo da questão era que ele necessitava deter as ações do Grupo Bramson que tinha Ian Ashley, o pai de Macy, e o problema era que este não estava disposto a vendê-las se não fosse juntamente com a sua empresa, Ashley Internacional, e unicamente ao homem que se casasse com uma das suas duas filhas. Se, para além de conseguir as ações casando-se com ela, houvesse química entre Macy e ele, tanto melhor.

Era o momento de pôr a sua proposta em cima da mesa, e por isso tinha-a feito ir ao seu escritório, para poder falar a sós com ela.

Sabia que o seu pai não lhe tinha dito as condições da venda da sua empresa, que queria que o novo proprietário contraísse matrimónio com uma das suas filhas. Parecia que era um homem de negócios à moda antiga e que queria que a empresa familiar passasse para um herdeiro varão, e como só tinha filhas queria vendê-la a um genro que lhe desse um neto.