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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

© 2010 Harlequin Books S.A. Todos os direitos reservados.

ÉS PARA MIM, N.º 1049 - Fevereiro 2012

Título original: Husband Material

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em portugués em 2012

© 2010 Harlequin Books S.A. Todos os direitos reservados.

O AMOR DO XEQUE, N.º 1049 - Fevereiro 2012

Título original: The Sheikh’s Bargained Bride

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em portugués em 2012

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

® ™. Harlequin, logotipo Harlequin e Desejo são marcas registadas por Harlequin Books S.A.

® e ™ São marcas registadas pela Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas que têm ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

I.S.B.N.: 978-84-9010-664-8

Editor responsável: Luis Pugni

ePub: Publidisa

ÉS PARA MIM

Brenda Jackson

Capítulo Um

Carmen Akins entrou no recinto instalado para os VIPS, sorrindo às pessoas que reconhecia e sabendo que a maioria já tivera conhecimento do fracasso do seu casamento. Além disso, certamente que a coluna de mexericos que aparecera numa revista na semana anterior renovara a curiosidade acerca do homem que os rumores indicavam ser seu amante.

Teriam uma enorme desilusão ao saber que a sua relação com Bruno Casey era apenas um truque publicitário inventado pelo seu agente. O seu divórcio do famoso produtor de Hollywood, Matthew Birmingham, aparecera nas capas de todas as revistas, desencadeando um escândalo dado que todos acreditavam que eram um dos casais mais felizes de Hollywood. Muitos tinham acompanhado o noivado de sonho e o casamento, convencidos de que era o romance perfeito, e fora uma verdadeira surpresa quando tudo chegou ao fim três anos mais tarde.

Carmen queria que fosse um divórcio amigável e discreto, mas graças à imprensa isso não fora possível. Os rumores ganharam asas, com manchetes tais como: Atriz vencedora de um Óscar troca o marido por outro homem, seguida de outra na qual anunciavam que o famoso produtor de Hollywood tinha trocado a esposa por outra mulher.

Mas nenhuma delas era verdadeira. Era verdade que tinha sido ela a pedir o divórcio, mas não existia mais homem nenhum. E a única amante que Matthew tinha tido durante aqueles três anos fora o seu trabalho.

O primeiro ano de casamento fora tudo aquilo com que Carmen tinha sonhado. Estavam completamente apaixonados e não se conseguiam separar por um instante que fosse, mas, no segundo ano, tudo começou a mudar.

A carreira de Matthew começou a ser mais importante do que a relação de ambos e, por mais que lhe dissesse que se sentia sozinha, não surtia qualquer efeito. Até tinha recusado um papel em dois filmes para poder estar mais tempo com ele, mas Matthew trabalhava sem parar.

A gota de água aconteceu no final da rodagem do filme Honra. Embora Matthew tivesse ido a França apenas duas vezes durante a produção do filme, Carmen queria estar a sós com ele, sem pessoas a interrompê-los constantemente, e aquilo era impossível durante uma rodagem. Portanto, quando terminou o seu trabalho, arrendou uma casa em Barcelona para passarem uns dias. Era ali que tencionava dar-lhe a notícia de que ia ser pai e esperava, impaciente, a chegada dele.

Mas Matthew não chegou.

Pelo contrário, telefonou-lhe para avisar que surgido uma coisa importante e sugeriu que deixassem o encontro para outra altura. Naquela mesma noite, Carmen teve uma hemorragia e perdeu o bebé. Um bebé do qual Matthew não tinha chegado a saber. E também não sabia que tinha ficado todos aqueles dias em Barcelona aos cuidados de um médico e de uma enfermeira. Era uma bênção que a imprensa não tivesse descoberto e a única coisa que Matthew sabia era que tinha recebido os papéis do divórcio.

Carmen olhou à sua volta, sem parar de andar e sem parar para falar com ninguém. Havia muita gente mas, felizmente, os seguranças encarregavam-se de fazer com que os repórteres não incomodassem os famosos que estavam ali para assistirem ao jogo. E ela estava grata por isso. Sentia-se aliviada porque já havia vários dias que andava a ser perseguida pelos paparazzi. Principalmente, depois de a imprensa ter publicado aquela notícia sobre Bruno.

Tinha optado por passar o verão em Hampton, para assistir ao campeonato de pólo organizado, anualmente, pelo proprietário da fazenda Sete Robles, em Bridgehampton.

Precisava de descontrair, mas tinha de ter cuidado porque havia intriguistas em todo o lado e aquele lugar não era exceção, principalmente desde que Ardella Rowe tinha comprado uma casa na zona.

Ardella era a rainha dos mexericos e os jornalistas ficavam a par dos segredos de muitos famosos que tinham casas de verão em Hampton graças a ela.

– Carmen, minha querida!

Ela fez uma careta ao ver Ardella. Era como se a andasse a evitar. Esteve quase a prosseguir o seu caminho, mas seria uma ofensa não responder. E embora Ardella fosse alguém que não desejasse ter como amiga, também não a desejava como inimiga.

Portanto, respirou fundo e deu meia volta.

– Olá, como estás?

– Querida, não vamos falar de mim, como é que estás tu? – perguntou Ardella, fingindo estar preocupada enquanto mandava um beijo ao ar. – Já soube daquilo que o teu marido te andou a fazer.

Carmen ergueu uma sobrancelha. Conseguia imaginar as mentiras espalhadas por todo o lado. A verdade era que o marido não lhe tinha feito absolutamente nada. Realmente, era como se nunca tivesse existido para Matthew. Não sabia nada dele desde o divórcio no ano anterior, mas tinha-o visto em março, na entrega dos prémios da Academia. Tal como ela, Matthew estava sozinho, mas aquilo só serviu para aguçar ainda mais a curiosidade da imprensa.

Quando aceitou o Óscar de melhor atriz secundária pelo filme Honra, achou mais natural agradecer o apoio que lhe tinha sido dado durante a rodagem. Mas a imprensa tinha delirado com o seu discurso, lançando rumores sobre uma possível reconciliação. Matthew tinha-se recusado a comentar o que quer que fosse e ela tinha feito o mesmo. Não fazia sentido dizer o que quer que fosse quando ambos sabiam que não havia reconciliação possível. O casamento tinha chegado ao fim e estavam a tentar refazer as respetivas vidas, cada qual por seu lado.

Mas refazer a vida estava a custar-lhe mais a ela do que a Matthew, que não tinha perdido tempo. Ver aquelas fotografias do ex-marido com outra mulher deixou-a destroçada, mas não tentou pagar-lhe com a mesma moeda. Pelo contrário, passou a concentrar-se na sua carreira.

– Ardella, querida, estás enganada – disse, com o seu melhor sorriso. – O Matthew não me fez coisa nenhuma. Pelo contrário, achámos melhor continuarmos a ser amigos.

Não era de todo verdade. Matthew odiava-a. Segundo uns amigos em comum, jamais lhe perdoaria por tê-lo abandonado. Bem, pois ela também não lhe perdoaria por não ter estado ao seu lado quando mais precisava dele.

– A sério? – exclamou Ardella.

– Não podes acreditar em tudo aquilo que ouves por aí.

– E então e o que é isso que dizem sobre ti e o Bruno?

– O Bruno e eu somos apenas amigos, mais nada.

– Mas ouvi dizer que o Matthew anda a sair com uma modelo, Candy Sumlar.

Carmen sentiu como se tivesse levado uma bofetada ao ouvir o nome da rapariga, mas tentou disfarçar.

– Como acabei de dizer, não podes acreditar em tudo aquilo que se diz por aí.

Ardella fez uma careta.

– E aquilo que vi com os meus próprios olhos? Estive em Los Angeles há já algumas semanas e vi o Matthew com a Candy numa festa. Como é que explicas isso?

Carmen riu, embora não fosse um riso de felicidade.

– Não tenho nada para explicar. O Matthew e eu estamos divorciados há um ano, ele tem a vida dele e eu tenho a minha.

– Mas continuam a ser amigos?

Ardella seria a última pessoa a saber se eram ou não amigos. Ainda se recordava da coluna que tinha sido publicada no ano anterior, a dizer que Matthew a tinha contratado para o seu primeiro filme porque tinham dormido juntos.

Mas ao achar que uma mentira merecia outra em troca, Carmen respondeu:

– Sim, o Matthew e eu somos apenas amigos. Seria preciso muito mais do que um divórcio para passarmos a ser inimigos.

Só desejava que não perguntasse nada a Matthew sobre o assunto…

– Mas ora, ora, olha quem cá está!

Carmen começou a sentir arrepios na nuca. E aquilo só podia significar uma coisa…

– Parece que o teu ex acabou de chegar – confirmou Ardella. – Mas se tu dizes que são só amigos…

Carmen apercebeu-se de que estava a ser sarcástica. E pelo silêncio que se tinha instalado na tenda, era óbvio que os convidados estavam a achar aquele drama bem mais interessante do que o jogo de pólo.

– Anda para aqui. Bem, acho que está na altura de ir – despediu-se Ardella com um sorriso.

Carmen desejou sair dali a correr, mas ficou parada onde estava. Tinha de acreditar que o homem por quem se apaixonara uma vez e que a tinha amado não iria fazer nada que a envergonhasse. Seriam cordiais um com o outro e depois iria tentar descobrir o que é que estava ali a fazer. A casa de Hampton era de Matthew, mas no acordo de divórcio tinha ficado definido que ela poderia ocupá-la enquanto Matthew estivesse em Los Angeles.

«O que é que estaria ali a fazer?», questionou-se.

– Olá, Carmen.

Era indiferente o momento ou o local onde o visse, iria sempre parecer-lhe mais lindo que qualquer outro homem. Vestido de maneira informal, com umas calças cor de café e um pólo de alta costura azul escuro, era o exemplo perfeito da masculinidade. E com o cabelo rapado, a pele da cor do cacau, o queixo quadrado, os olhos escuros e os lábios grossos, Matthew Birmingham seria capaz de enlouquecer qualquer mulher.

Antes de se ter tornado produtor e realizador, era ator. E quando era ator, Matthew era considerado um quebra corações e, para muitos, ainda continuava a sê-lo.

Sabendo que estavam a ser o centro das atenções, Carmen colocou-se em bicos de pés para lhe dar um beijo na cara.

– Olá, Matthew. Fico feliz por voltar a ver-te.

– Também eu, querida.

Carmen teve de disfarçar a sua perturbação ao vê-lo ali, no seu território. Matthew sabia que gostava de passar o verão em Hampton, um local ao qual ele não costumava ir porque tinha sempre muito trabalho na Califórnia.

– Tenho a certeza que conseguimos fazer muito melhor – sussurrou ele em seguida, tomando-a nos seus braços para beijá-la.

Carmen ouviu o clique de uma máquina fotográfica e pensou que Ardella estava a tirar fotografias com o telemóvel. E embora sentisse vontade de se afastar, não tinha vontade de o fazer.

Foi Matthew que se afastou, deixando-a comovida. E com toda a gente a olhar para eles!

– Precisamos de falar – disse-lhe, com um nó no estômago. Assim que saíram da tenda, virou-se para ele, apagando-lhe o sorriso cínico dos lábios. – Posso saber porque é que me beijaste?

Matthew sorriu e, ao ver a covinha na sua face, Carmen teve de desviar o olhar.

– Porque senti vontade de fazê-lo. Além disso, tu é que me beijaste primeiro – respondeu, num tom arrogante.

– Foi apenas um cumprimento cordial.

– Ao que eu correspondi.

Carmen deixou escapar um sopro de irritação. Estava a fazer-se de difícil, algo que fazia muito bem.

– O que é que estás aqui a fazer? Não ouviste o que disse o juiz: posso vir a Hampton…

– Enquanto eu estiver na Califórnia – terminou Matthew a frase por ela. – Mas acabei de assinar um contrato em Nova Iorque e vou ficar cá durante algum tempo, portanto vamos ter de partilhar a casa.

Matthew teve vontade de voltar a beijá-la para apagar da cara dela o ar de surpresa.

Perceber que a tinha deixado sem palavras, deixava-o suficientemente satisfeito, mas se os olhares matassem seria um homem morto.

Ao tentar controlar as tumultuosas emoções que sentia sempre que estava com ela, disse-lhe:

– Claro que podes partir quando quiseres. Garanto-te que iria compreender.

Aquela sugestão iria perturbá-la ainda mais por ele saber como gostava de passar os verões em Hampton. Aquele era o motivo pela qual tinha comprado a casa. Mas se achava que ia permitir que dormisse com uma amante na sua própria casa, estava muito enganada.

– Como é que pudeste fazer uma coisa dessas?

Matthew não conseguiu esconder um sorriso. Em tempos, ficara fascinado com os desafios que a sua mulher lhe lançava, principalmente no quarto.

– Cuidado, há gente a olhar – advertiu. – Talvez fosse melhor continuar a fingir, como antes com a Ardella.

Carmen olhou-o com aquilo que poderia parecer um sorriso cordial, mas na verdade estava a mostrar os dentes. Continuava a ser a mulher mais linda que alguma vez tinha visto. Ele tinha conhecido muitas mulheres lindas, mas cinco anos antes, quando Carmen se apresentou num casting para um filme seu, percebeu que aquela rapariga conseguiria partir o coração a qualquer homem. Em fotografia ou ao vivo, Carmen Akins dava sentido à expressão «radiante».

– Precisamos de falar, Matthew.

Matthew resignou-se, fingindo desinteresse. Carmen tinha-o feito comer na palma da mão uma vez, mas isso não voltaria a acontecer. Ele seria o primeiro a admitir que ainda lhe custava aceitar que tivesse pedido o divórcio, mas era humano e se continuasse a olhar para aqueles lindos olhos castanhos, iria recordar coisas que não queria. Por exemplo, como escureciam quando chegava ao orgasmo.

– Não, não temos nada para falar. Quando me deixaste, disseste tudo. E agora, se não te importas, o jogo está quase a começar.

E, depois daquilo, deu meia volta, deixando-a estupefacta.

Capítulo Dois

Carmen cerrou os dentes, furiosa, enquanto saía da herdade Sete Robles. Depois daquele beijo, indubitavelmente que os boatos sobre uma possível reconciliação voltariam à baila e aquilo já era demais. Portanto, fingindo uma súbita enxaqueca, entrou para o descapotável e seguiu pela estrada que levava à casa.

Estava uma linda tarde de julho, mas tinha dúvidas de que Matthew soubesse que lhe tinha estragado o dia. Com certeza que o tinha feito de propósito e aquilo demonstrava quão egoísta era.

Matthew não queria compreendê-la. Não compreendera aquilo que lhe tinha contado sobre o casamento dos pais dela: uma mãe cuja ambição era ser a melhor agente imobiliária de Memphis e um pai que queria triunfar a todo o custo como assessor financeiro. Aquela dedicação ao trabalho tinha-os separado um do outro até que, por fim, acabaram por se divorciar. Carmen queria um casamento diferente, mas, no fim de contas, tinha conseguido exatamente o mesmo.

Suspirando, admirou a linda paisagem, lamentando ter de partir quando tinha chegado no dia anterior. As suas férias de verão que lhe estavam a fazer tanta falta tinham ido por água abaixo…

Questionou-se, então, sobre que tipo de projeto teria em Nova Iorque. Mas não era assunto seu, pensou. Aquilo que Matthew fizesse com a sua vida não lhe dizia respeito.

Minutos depois, seguia o caminho que levava a casa. Recordava a primeira vez que Matthew a tinha levado a Hampton, uns meses após o casamento, prometendo-lhe que passariam as férias ali, todos os anos. Ela fora todos os verões, mas Matthew andava sempre demasiado ocupado, com o trabalho como prioridade.

Enquanto saía do descapotável, questionou-se sobre se ele tencionaria levar ali Candy Sumlar. Passaria mais tempo com a namorada do que tinha passado com a mulher?

Furiosa, fechou a porta com um pontapé. Quando tinha chegado no dia anterior estava descontraída, feliz mas, naquele momento, tinha vontade de estrangular alguém.

Subiu ao andar superior a toda a velocidade, decidida a fazer as malas e ver-se a quilómetros dali quando terminasse o jogo porque sabia que Matthew não iria para um hotel. Era indiferente que ela tivesse chegado primeiro.

Mas quando entrou no quarto, parou inesperadamente. Matthew tinha deixado a mala em cima da cama. Teria ficado surpreendido ao ver que as suas coisas estavam ali? Desde então, não tinha perdido tempo a procurá-la para a avisar da sua presença. E tinha-a beijado, ainda por cima. Carmen levou um dedo aos lábios, sentindo a impressão de estar a sentir os do ex-marido.

Quando abriu o armário e viu a roupa de Matthew pendurada ao lado da sua teve de engolir em seco. Ver aquilo, fazia-a lembrar-se de quão felizes tinham chegado a ser…

Perturbada, desviou a roupa do ex-marido e agarrou nalguns vestidos que atirou para cima da cama. Ia buscar a mala quando, de repente, se apercebeu de que estava a deixar que Matthew lhe estragasse as férias. Porque é que haveria de ser ela a ter de partir?

Estava cansada de fugir. Durante um ano, depois do divórcio, tinha feito todos os possíveis para não se cruzar com ele. Não ia a festas nem aos locais aonde costumavam ir juntos, portanto ficava em casa quando não estava a trabalhar. Tinha-se tornado praticamente uma reclusa e, agora, estava na altura de mudar de vida. Porque é que haveria de deixar que lhe estragasse as férias quando era ele que deveria partir?

De repente, percebeu aquilo que deveria fazer: estava na altura de Matthew Birmingham provar do seu próprio veneno.

Faria os impossíveis para que não conseguisse resistir e quando acreditasse que a tinha onde desejava, na cama, deixá-lo-ia a ver navios.

Carmen sorriu. A vingança nunca tinha sido tão doce.

Matthew entrou em casa, fechou a porta e olhou à sua volta. Tinha ficado surpreendido por ver o carro de Carmen estacionado à porta porque pensou que já se teria ido embora.

Ardella Rowe tinha-o procurado durante o jogo para lhe dizer que a ex-mulher tinha partido porque estava com uma enorme dor de cabeça. E, portanto, ele tinha de partir de imediato, fingindo estar preocupado, embora soubesse que Carmen usara a dor de cabeça como desculpa para desaparecer.

Ouviu-a movimentar-se no andar superior e achou que deveria estar a fazer a mala. Com certeza que não iria querer esperar um instante que fosse para voltar para onde quer que tivesse estado escondida durante os últimos meses.

Matthew decidiu despedir-se dela antes de regressar a Sete Robles, na esperança de assistir ao final do jogo, mas quando começou a subir os degraus, sentiu o aroma do perfume dela; um perfume que ele conhecia bem e que Carmen usava sempre.

Suspirando, colocou as mãos nas algibeiras das calças. Aquela era a primeira vez que iria estar naquela casa sem ela e pensar naquele facto deixou-o desanimado. Mas já era crescido o suficiente e ia conseguir aguentar. Além disso, Carmen já lhe tinha causado mágoa suficiente e tinha dúvidas de que fosse capaz de vir a perdoá-la por tê-lo feito acreditar que o amor era verdadeiro para lhe demonstrar posteriormente que não era assim.

Tinha desistido de tentar imaginar em que altura tinha começado o afastamento. Ele seria o primeiro a reconhecer que trabalhava horas a mais, mas fazia-o com o objetivo de conseguir uma situação económica suficientemente confortável para não precisar de trabalhar a vida toda.